Em Davos, Príncipe William fala sobre saúde mental no ambiente de trabalho

DAVOS – O príncipe William, que em 2017 se abriu sobre a morte da mãe e os efeitos que isso teve sobre ele, falou no encontro do Fórum Econômico Mundial sobre saúde mental no ambiente de trabalho. Ao narrar um incidente traumático ocorrido quando era piloto de ambulância aérea, o duque de Cambridge contou como poderia ter sido pior se ele não tivesse encontrado colegas que o apoiassem.

Ele acredita também que isso deveria ser mais abordado nos ambientes de trabalho e que as empresas deveriam dar mais apoio aos funcionários que enfrentam problemas no emprego por causa de questões psicológicas.

“Deveria ser muito mais fácil ir ao RH e falar sobre isso”, afirmou o duque de Cambridge, de acordo com a BBC.

E acrescentou que “por algum motivo, as pessoas ficam com vergonha de falar sobre seus sentimentos, especialmente os britânicos”.

Sem apoio de celebridades

William defendeu que não haja tanto estigma em torno dos assuntos relacionados à saúde mental — algo que, para ele, começou com a geração que viveu a guerra. Segundo o príncipe, após duas guerras mundiais, os britânicos tenderam a não demonstrar emoções porque era difícil falar das situações “horrendas” vividas.

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Mas ele reconhece que, embora muitos tenham herdado esse modo de lidar com as coisas, bastante gente está se tornando mais consciente da importância de se discutir saúde mental.

Segundo o Guardian, o príncipe contou que, quando criou a campanha Head Together, com sua mulher, Kate Middleton, para estimular as pessoas a se abrirem sobre saúde mental, nenhuma celebridade quis se unir à causa.

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Essas 10 ilustrações vão te mostrar como são as doenças mentais de uma forma impactante

Essas 10 ilustrações vão te mostrar como são as doenças mentais de uma forma impactante

Cada pessoa interpreta as doenças mentais de uma forma e, para muitos, elas nem são tão importantes assim… muitas vezes são vistas apenas como coisas que “passam” quando, na verdade, podem ser tão perigosas quanto qualquer outra doença.

Para mostrar isso para todas as pessoas o artista Shawn Coss resolveu focar toda sua experiência e conhecimento em criar ilustrações que mostrassem como são essas doenças mentais e distúrbios para todos, confira o resultado:

1- Transtorno de ansiedade social

2- Transtorno Depressivo Maior

3- Insônia

4- Estresse pós traumático

5- Transtorno Bipolar

6- Transtorno de Personalidade Limítrofe

7- Transtorno do Espectro do autismo

8- Esquizofrenia Paranoide

9- TOC

10- Transtorno de Personalidade Dependente

 

Medicamentos para Diabetes podem tratar também Doenças Mentais Por favor de valor em nosso serviço

Cientistas de Londres fizeram uma descoberta que pode ser muito útil para o tratamento de algumas doenças mentais. Segundo o estudo, publicado na revista Jama Psychiatry, alguns medicamentos usados no tratamento de problemas cardiovasculares ou diabetes também serviriam para fazer o mesmo em doenças como a esquizofrenia, por exemplo.

“Ainda precisamos de mais estudos para entendermos, de forma aprofundada, como agem, mas sua eficácia mostrada nessa pesquisa é um grande avanço no tratamento dessa doenças”, afirmou Joseph Haves, um dos autores do estudo.

Os pesquisadores da University College London concentraram o trabalho em três medicamentos: a estatina, que trata o colesterol e doenças cardíacas, os bloqueadores dos canais de cálcio, que tratam a hipertensão e a biguanida, responsável por tratar a diabetes.

Pouco mais de 140 mil pessoas com graves problemas mentais e que estavam tomando um ou mais desses medicamentos foram analisadas na Suécia e os resultados mostraram que eles apresentaram bem menos sintomas psiquiátricos que os outros. Além disso, os voluntários com esquizofrenia ou transtorno bipolar tiveram menos casos de autoflagelação.

“As três drogas usadas no estudo são globalmente licenciadas e muito usadas por serem baratas e relativamente seguras. São, portanto, candidatas ao reaproveitamento. Se substanciada, essa pesquisa tem implicações consideráveis na prática clínica e no desenvolvimento de medicamentos”, disse Haves.

Por favor de valor em nosso serviço. Você pode reproduzir nossa matéria, desde que insira créditos COM O LINK para o conteúdo original linkando para nossa notícia, e não faça uso comercial de nossa produção. https://www.jornaldasaudebemestar.com/noticias/medicamentos-para-diabetes-podem-tratar-tambem-doencas-mentais/

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300 milhões de pessoas sofrem com o TOC

Jack (43 anos) – perito de seguros. Lavava a mão pelo menos cinquenta vezes por dia.

Barbara (33 anos) – formada com honra na Ivy League. Chegou a levar o ferro de passar e a cafeteira ao trabalho para ter certeza que estavam desligados.

Brian (46 anos) – vendedor de carro. Lavava o chão do asfalto nas redondezas de sua casa após acidentes com medo de se contaminar com ácido de bateria.

Essas são algumas das mais inquietantes histórias reais de quem sofre com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Parece loucura, as vezes até atitudes de quem quer chamar a atenção, mas o dr. Jeffrey M. Schwartz – um dos maiores especialistas mundiais no conceito de neuroplasticidade, autor do livro TOC: Livre-se do Transtorno Obsessivo-Compulsivo, publicado pela Cienbook, do Grupo Editorial Edipro, cita que o TOC é uma condição médica relacionada a um desequilíbrio bioquímico no cérebro.

Ainda em sua obra, Schwartz expõe algumas pontuações importantes.

O que é TOC e o que não é?

TOC – obsessões e compulsões fortes o suficiente para causar uma incapacidade funcional. Como exemplo, armazenamento de lixo por cada metro quadrado da casa.

TPOC (Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo) – obsessões mais peculiares ou idiossincrasias. Como exemplo, a pessoa se apega a um objeto e nunca se desfaz dele.

 Mensagens falsas

Quem tem TOC deve entender que as mensagens compulsivas são falsas e reordenar o cérebro e corrigi-lo.

Não pressione

Anos de prática e os doentes já sabem esconder a doença. As mudanças podem ser traumáticas e para que eles se controlem, precisam assimilar o que está acontecendo e afastar o pensamento obsessivo, e para isso precisam de tempo.

Essa são algumas das passagens que o dr. Jeffrey M. Schwartz cita em seu TOC: Livre-se do Transtorno Obsessivo-Compulsivo, publicado pela Cienbook, do Grupo Editorial Edipro. Ainda, o conteúdo demonstra os quatro principais passos que abrigam muitas outras dicas para acabar com esse mal que assola mais de 300 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde.

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Janeiro Branco: psicóloga alerta para a importância da saúde mental

Foto: Reprodução

A depressão acomete muitas pessoas no mundo, mas menos da metade delas tratam adequadamente a doença

Mais de 300 milhões de pessoas sofrem com depressão em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A depressão é a principal causa de incapacidade e contribui de forma importante para a carga global de doenças.

Um relatório divulgado pela organização em abril de 2016, aponta que mais de 800 mil pessoas se matam todos os anos, ou seja, a cada 40 segundos, uma pessoa tira a própria vida. O problema é a segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos de idade.

Além disso, cerca de 79% dos suicídios no mundo ocorrem em países de baixa e média renda. De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, de 2007 a 2016, 106.374 pessoas morreram em decorrência do suicídio.

Para evitar e falar sobre o problema foi criado o Janeiro Branco, uma campanha que visa a convidar as pessoas a pensarem sobre suas vidas, o sentido e o propósito das suas vidas, a qualidade dos seus relacionamentos e o quanto elas conhecem sobre si mesmas, suas emoções, seus pensamentos e sobre os seus comportamentos.

A psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Anhanguera – Santana, Lizandra Brandani. – Foto: Divulgação

A psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Anhanguera – Santana, Lizandra Brandani, explicou a importância em discutir o tema e como um profissional da saúde pode auxiliar as pessoas que sofrem de depressão.

A depressão é considerada uma doença?

Sim. É uma doença complexa que traz consequências físicas e emocionais. Já está catalogada na Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, também conhecida como Classificação Internacional de Doenças (CID 10) e no Manual Americano de Saúde. O problema é que, na maioria das vezes, há uma má interpretação e, muitas vezes, o problema é confundido com tristeza ou preocupações passageiras.

Acredita que a doença já pode ser considerada o “mau do século”?

Há algum tempo já podemos considerar uma possibilidade. Podemos observar que o sofrimento humano está presente no âmbito pessoal, familiar ou profissional. Os vínculos afetivos estão cada vez mais frágeis, do mesmo modo que as relações se tornam cada dia mais superficiais. Tais motivos corroboram com o aumento de problemas relacionados à saúde mental.

É possível considerar que a maioria dos casos de suicídio são provenientes da depressão?

Alguns casos são, mas não podemos atribuir todos eles à doença. Isso é mais uma questão do modo em que as pessoas estão vivendo. Anteriormente, as pessoas viviam na espera, tinham um modo de vida mais tranquilo. Hoje, é tudo dinâmico, as mensagens são rápidas, tudo está diferente. Não há dúvida de que as razões são multifatoriais, envolvendo fatores de ordem social, biológica e psicológica. Para cada pessoa pode haver o predomínio de um destes fatores, especificamente.

Qual é a importância em se falar no Janeiro Branco?

Tenho experiência há 20 anos na área de psicologia e observo que, principalmente nas festas de fim de ano, a depressão surge com mais força nos pacientes. No começo do ano, as pessoas começam a planejar suas vidas, a se programar e cuidar mais de si, como começar a praticar exercícios físicos, estudar, entre outras coisas. E agir desta forma faz parte da saúde mental. É importante discutir o assunto, levar conhecimento às pessoas, incentivá-las a buscarem ajuda e ensinar como lidar como uma pessoa que sofre de depressão.


Fonte: Minha Vida

Como o psiquiatra e o psicólogo interferem na saúde do paciente?

Não podemos descartar que a depressão é uma falha química do cérebro, por isso não há um exame clínico para detectá-la, como se faz para detectar um câncer, por exemplo. Por isso, é tão importante quanto ir a um especialista para tratar da depressão. É necessário manter o tratamento pelo tempo que for determinado pelo profissional e seguir as recomendações médicas até perceber alguma melhora. Além disso, é preciso ter integração dos profissionais de psiquiatria e psicologia, pois esse último é o que acompanha as emoções do paciente e ele vai dar gatilhos para que ele melhore consideravelmente.

Acredita que existem poucas ações para promover a saúde das pessoas que sofrem de depressão?

Dados científicos mostram que pessoas que tem acompanhamento psicológico desde criança são mais felizes e seguras quando adultos. Na Austrália, por exemplo, existe o método “Friends”, em que as crianças têm uma disciplina curricular chamada “alfabetização emocional”, em que elas aprendem a lidar com os sentimentos e a ter mais interação entre elas. Com isso, foi detectado que os índices de suicídio no país reduziram consideravelmente. Desta forma, se aplicássemos esse método em todas as redes de ensino do Brasil poderia haver diferença nos resultados. É importante que sejam feitas rodas de conversas, palestras entre outras ações. Tem que ser um trabalho contínuo e não apenas em um mês.

Os diagnósticos da doença estão sendo confiáveis? A população tem adoecido mais?

Na verdade, a cultura de medicalização está em alta. Acredito que muitos diagnósticos estão sendo dados incorretamente, por isso muitas pessoas estão tomando remédios, em vez de terem outro método de tratamento sugerido. O Brasil é o segundo maior país em que a população consome Rivotril, por exemplo, e, na maioria dos casos, não é necessário. Estamos na cultura de que tudo será resolvido com medicação e não é bem dessa forma.

Como pode ser tratada a depressão?

Além da terapia com um profissional, é importante praticar exercícios físicos para liberar endorfinas e aumentar os níveis de serotonina e dopamina no organismo, fazer uma agenda e programar o dia ajuda a dar motivação e compensar essa defasagem, alimentar-se bem, são algumas das atividades para afastar os sintomas da doença.

Caminhada em Fernando de Noronha alerta para cuidados com a saúde mental

Caminhada reuniu moradores da ilha — Foto: Fernando Magalhães/Divulgação

Caminhada reuniu moradores da ilha — Foto: Fernando Magalhães/Divulgação

Moradores de Fernando de Noronha, profissionais da área de saúde e integrantes do Conselho Tutelar uniram-se para uma caminhada, no final da tarde da quarta-feira (23). O evento fez um alerta para a necessidade de cuidados com a saúde mental, dentro da programação do Janeiro Branco.

O grupo reuniu-se em frente à Unidade da Saúde da Família Dois Irmãos, no bairro da Floresta Velha, local de partida da caminhada. Os participantes fizeram um aquecimento e seguiram pela BR-363, rumo à Praça São Miguel, na Vila dos Remédios.

Os participantes seguiram para a Vila dos Remédios  — Foto: Fernando Magalhães/Divulgação

Os participantes seguiram para a Vila dos Remédios — Foto: Fernando Magalhães/Divulgação

A caminhada foi promovida pelo governo estadual. No ponto de chegada, foi enfatizada a importância da atenção à saúde mental.

“É importante discutir o assunto, existem casos que precisam de ajuda. Nós contamos com psicólogos e psiquiatras que podem acompanhar o paciente e realizar atendimento”, afirma o superintendente de Saúde da Administração da Ilha, Fernando Magalhães.

Vários problemas de saúde não impedem feirense de sonhar em ser psicóloga

Rachel Pinto

Atualizada às 19h40

Muitas pessoas se abatem ou desanimam com o primeiro problema que aparece e desistir parece ser o caminho mais fácil quando a vida apresenta algumas dificuldades.A feirense Marivalda Maria Costa Soledade, de 62 anos, conhece muito bem o significado da palavra dificuldade, já passou por altos e baixos e mesmo quando as coisas não vão bem, acredita que o pensamento positivo tem o poder de mudar a situação e assim surgir algo bom e diferente.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

Ao longo de sua história, os problemas de saúde lhe deixaram muitas marcas. Cicatrizes, dores, longos períodos de internamento e o corpo debilitado. Mas, não conseguiram lhe tirar a capacidade de ver o lado bom das coisas e de sonhar.

Marivalda é conhecida como Mari, já enfrentou o câncer por várias vezes na vida e atualmente se dedica ao tratamento, as atividades do centro espírita que frequenta, as leituras, os estudos e o seu grande sonho de ser psicóloga para tentar ajudar as pessoas. No último final de semana, ela prestou vestibular na Unifacs para o curso pela primeira vez e para a sua alegria o resultado foi a aprovação. No entanto, depois da alegria, veio a preocupação e a negativa de que infelizmente não conseguirá custerar o cursar Psicologia. Aposentada por invalidez, ela recebe o valor de um salário mínimo mensal e mesmo com todas as economias e com a possibilidade de conseguir uma bolsa parcial para estudar, não terá condições de se comprometer com o pagamento da mensalidade do curso. Segundo Mari, o sonho agora está guardado com carinho em uma gaveta onde estão tantas experiências que já viveu.

“Eu trabalhei como cartazista por muitos anos em um supermercado. Fiquei doente e me aposentei por invalidez. Já fiz Enem várias vezes, para tentar ingressar no curso, mas com a minha pontuação só consegui faculdades no Mato Grosso do Sul. Não tenho condições de ir e meu tratamento é aqui em Feira de Santana e Salvador. Eu sonho muito em estudar psicologia e só Deus quem sabe quando irá acontecer”, disse.

Corrente do Bem

Os problemas não são justificativa para Mari deixar oferecer ao seu melhor ao próximo, seja um sorriso, um abraço amigo e a sua colaboração semanal com as atividades do centro espírita, como por exemplo a arrecadação de alimentos para famílias mais carentes de Feira de Santana. O corpo fica cansado algumas vezes, mas o seu espírito é sempre de alegria, bondade, doação e muita luz.

Tanta energia boa, acaba contagiando os amigos ao seu redor e inclusive já foi criada uma campanha através das redes sociais com o objetivo de ajudá-la a conseguir cursar psicologia.

Foto: Arquivo Pessoal | Mari em confraternização com alguns amigos

“Sempre é tempo para sonhar e eu digo para que as pessoas não desistam nunca. O momento certo uma hora vai chegar. Quando eu vejo tantos amigos se manifestando para querer me ajudar, me dar uma palavra de ânimo, confesso que até fico envergonhada. Mas, fico muito grata de sentir tanto amor e saber que tem pessoas boas em meu caminho. Peço a Deus que ele esteja com todos, emanando muita luz, dando saúde, paz e dicernimento para lidar com as adversidades da vida. Que tenham condições de levar as coisas adiante e não desistam nunca”, comentou.

Foto: Arquivo Pessoal

A vida simples de Mari, além da dedicação aos estudos e o bem-estar de contribuir com o próximo, tem momentos felizes que a fazem esquecer das dores do tratamento do câncer e lhe motivam a continuar com a sua positividade. Um desses momentos muito especiais, de acordo com ela, foi durante o Natal Encantado em 2018. Ela teve a oportunidade de conhecer o cantor Luiz Caldas, que admira há muitos anos.

“Desde 2004, foi a primeira vez que eu sai sem ser para consultas, exames ou alguma atividade no centro espírita. Fiquei muito feliz te ter encontrado com ele e tive a oportunidade de tirar uma foto. Ganhei um abraço e foi um presente de Natal especial”, relembrou.

Foto: Arquivo Pessoal

Toda intensidade nos seus sentimentos, Mari disse que segue dia após dia com paciência, fé e muita esperança. Confiando que vai reestabelecer sua saúde, ter pique para estudar psicologia e nunca perder a capacidade de sonhar.

 Quem tiver interesse em ajudar Mari a conquistar seu sonho o telefone para contato é:(75) 9198-6209

Depressão está entre as causas mais comuns que direcionam pacientes ao Caps

Acorda Cidade

Depressão está entre as causas mais comuns que direcionam pacientes ao Caps

O Centro de Atendimento Psicossocial João Carlos Lopes Cavalcante (Caps3) realizou mais de 14 mil atendimentos em 2018. A unidade possui 8 mil pacientes cadastrados com os mais variados transtornos, os principais casos envolvem esquizofrenia, bipolaridade e depressão.

De acordo com a coordenadora da unidade, Renata Bittencourt, a depressão é a causa mais comum entre os pacientes que procuram a unidade pela primeira vez para atendimento. Ela observa que a maioria são mulheres com faixa etária entre 28 e 50 anos, que desenvolvem o transtorno por não conseguir uma recolocação no mercado de trabalho, motivos de violência, abandono ou relacionados a traição amorosa.

“A depressão moderada a grave é um estopim para casos de suicídio ou bipolaridade. Então se o paciente chega com depressão e abandona o tratamento ou a família não contribui para a continuidade desse, de dois a três meses esse caso pode se agravar”, ressalta.

Segundo Renata, ao chegar a unidade os usuários passam por uma triagem e são atendidos por uma equipe multidisciplinar. Os casos mais simples, como insônia, inquietação e depressão leve são redirecionados para Atenção Básica, hoje preparada no município para atender a demanda. Já os casos contundentes, onde o paciente apresenta sintomas mais severos, são acolhidos e encaminhados para os tratamentos necessários, como acompanhamento psicológico, medicamentoso ou terapêutico.

“Possuímos a Atenção Básica preparada para nos dar apoio no acompanhamento de alguns pacientes em relação a saúde mental. Além disso temos a disposição cinco Caps no município, o paciente pode procurar o que corresponde a área de abrangência a qual ele reside. Para as crianças e adolescentes temos a disposição o Caps i e o Caps AD para o tratamento relacionado a álcool e drogas”, informa.

Depressão ligada a redes sociais é duas vezes maior entre as meninas

Meninas são duas vezes mais propensas a ter depressão devido ao uso das redes sociais do que os meninos. É o que indica uma pesquisa realizada pelo University College London (UCL), divulgada na última semana. O estudo tinha o objetivo de analisar as associações entre mídias sociais e sintomas depressivos e foi realizado com 11 mil jovens no Reino Unido. A conclusão foi que uma a cada quatro adolescentes, ou seja, 25%, apresenta sinais clínicos da doença, enquanto o mesmo ocorreu “apenas” com 11% dos garotos analisados. Ativistas pediram ao governo britânico que tomem providências sobre o risco das redes sociais para a saúde mental dos adolescentes.

Estudo realizado pela UCL aponta que depressão ligada às mídias sociais é maior entre as meninas — Foto: Carolina Ochsendorf/TechTudoEstudo realizado pela UCL aponta que depressão ligada às mídias sociais é maior entre as meninas — Foto: Carolina Ochsendorf/TechTudo

Estudo realizado pela UCL aponta que depressão ligada às mídias sociais é maior entre as meninas — Foto: Carolina Ochsendorf/TechTudo

Todos os participantes responderam a um questionário com informações sobre o tempo diário de uso de redes sociais, assédios online, padrões de sono, autoestima e realizaram o Moods and Feelings Questionnaire (um questionário sobre o estado de ânimo dos participantes).

Os pesquisadores concluíram que a porcentagem alta de meninas com sinais de depressão em relação aos meninos deve-se, principalmente, entre outros motivos, ao assédio online, baixa autoestima e poucas horas de sono. Elas também passam mais horas navegando nas redes sociais. De acordo com a pesquisa, garotas de 14 anos são as que mais acessam esse tipo de plataforma, podendo gastar até três horas diárias online em sites como FacebookInstagram e Twitter — o dobro dos garotos da mesma idade.

“Aparentemente, as meninas enfrentam mais obstáculos com esses aspectos de suas vidas do que os meninos, em alguns casos, consideravelmente”, relatou a professora do Instituto de Epidemiologia e Cuidados da Saúde do UCL, Yvonne Kelly, responsável pela equipe que realizou a pesquisa.

O estudo publicado na EClinicalMedicine também revela que 12% dos usuários usam as redes sociais de forma moderada e 38% fazem uso excessivo (mais de cinco horas por dia) apresentam sinais de depressão grave. E ainda, 40% das meninas, em comparação com 28% dos meninos são afetadas pela imagem estética colocada como ideal nas redes sociais. privação do sono, provocada pelo uso excessivo dessas mídias, também afeta mais a elas.

Instagram, Facebook e outras redes permitem controlar o tempo de uso dos aplicativos — Foto: Helito Beggiora/TechTudoInstagram, Facebook e outras redes permitem controlar o tempo de uso dos aplicativos — Foto: Helito Beggiora/TechTudo

Instagram, Facebook e outras redes permitem controlar o tempo de uso dos aplicativos — Foto: Helito Beggiora/TechTudo

 

O estudo financiado pelo Conselho de Pesquisa Econômica e Social (ESRC) renova a preocupação com a saúde mental das jovens e sobre as consequências que isso pode levar, incluindo a autoflagelação e o suicídio.

“Essas descobertas são altamente relevantes para a políticas atuais de desenvolvimento em diretrizes para o uso seguro das mídias sociais e pedem que a indústria regule com mais rigor as horas de uso de mídias sociais para jovens “, disse Kelly.

A diretora executiva da Sociedade Real de Saúde Pública da Espanha, Shirley Cramer, comentou que essa é uma pesquisa importante, que confirma a necessidade de aumentar a conscientização e compreensão entre os pais, escolas e políticos sobre o papel das redes sociais na saúde mental dos jovens. A ministra adjunta para Saúde Mental e Cuidados Sociais do Reino Unido, Barbara Keeley, também comentou sobre o estudo e afirmou que “esse novo relatório aumenta as evidências que mostram o efeito tóxico que o uso excessivo das mídias sociais tem na saúde mental dos jovens, em especial as meninas, e que as empresas devem assumir a responsabilidade pelo que acontece em suas plataformas”.

Via UCL News

Especialistas dão dicas para manter a saúde mental em dia neste início de ano

Goiás celebra Janeiro Branco pela conscientização sobre sanidade mental

O mês de janeiro geralmente é marcado pela elaboração de planos e reflexões sobre atitudes e rumos que queremos tomar em nossas vidas, por isso, foi escolhido para a realização do Janeiro Branco. A campanha voltada para a conscientização sobre a sanidade mental passou a integrar o calendário oficial de Goiás após aprovação da Lei nº 20364/18 de autoria do deputado estadual Virmondes Cruvinel (PPS).

O Janeiro Branco convida as pessoas a pensarem sobre suas vidas, a qualidade dos seus relacionamentos e o quanto elas conhecem sobre si mesmas, suas emoções, seus pensamentos e sobre os seus comportamentos. Com ações, orientações e reflexões a respeito das condições e características emocionais dos seres humanos, a ação pretende quebrar o tabu em relação ao tema.

Diferentemente do Setembro Amarelo, que atua diretamente na prevenção ao suicídio, o Janeiro Branco está focado em mostrar às pessoas a importância da subjetividade humana e necessidade de atenção às questões mentais, sentimentais, emocionais, relacionais e comportamentais, muitas vezes negligenciadas em nosso cotidiano.

Em busca de sentido

A psicóloga e coordenadora do Janeiro Branco em Goiás, Ludmila Lima Venturoli, explicou à reportagem que a intenção da campanha é promover a saúde mental e emocional, levando a psicoeducação ao maior número de pessoas.

“Precisamos construir um estado de saúde mental, entendendo que é preciso olhar com atenção para todas as nossas dimensões (física, mental, emocional e espiritual), cultivando assim um estado de saúde integral”.

Segundo Ludmila, as estatísticas de ansiedade, depressão e suicídio são altíssimas no Brasil e, por isso, é preciso conscientizar as pessoas que tiverem um sofrimento nessa área que elas podem e devem buscar ajuda profissional, podem falar sobre o problema com seus familiares e pessoas próximas.

Para derrubar o tabu, a profissional destacou que a campanha acredita no poder da informação. “O conhecimento liberta. As pessoas precisam começar a falar sobre as emoções e nós profissionais precisamos levar o conhecimento da academia, do consultório, para a sociedade. Esse assunto precisa chegar às famílias, escolas e empresas”, pontuou.

Para a psicóloga a condição humana é muito maior do que só conquistar bens materiais ou buscar um padrão de vida que a sociedade determina. Ela incentiva todos a questionarem: o que é importante para mim? O que está acontecendo aqui dentro de mim?

“Muitas pessoas nem sabem que existe um psicólogo, psiquiatra e que tudo bem buscar ajuda caso esteja enfrentando um sofrimento mental, um pensamento repetitivo que esteja lhe deixando confuso ou te trazendo algum prejuízo. Ou até mesmo uma emoção difícil de lidar, uma angústia ou tristeza que não passa, uma ansiedade que está trazendo prejuízo à vida pessoal e profissional.

Janeiro Branco em Goiás

A campanha prevê a realização de palestras, rodas de conversa, oficinas, caminhadas, panfletagem e várias outras formas de intervenções urbanas que promovam a valorização da Saúde Mental, além de ações no SUS e nas redes públicas e privadas de saúde.

Em Goiânia, será realizado o evento janeiro Branco #falemaissobreisso, no dia 26 de janeiro, das 8h30 às 12h30, no auditório da Escola SENAI – Vila Canaã. A ação gratuita terá mini-palestras e atividades que envolvem ciência, arte e cultura na busca da saúde integral. Inscreva-se aqui

O Hospital Estadual de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa) também aderiu ao Janeiro Branco e preparou uma programação especial de 14 a 31 de janeiro, das 8h às 17h, com diversas atividades gratuitas envolvendo os temas ansiedade, depressão, álcool e drogas.

Em Goiás também está prevista a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), com o intuito de debater os avanços conquistados dentro das diretrizes estabelecidas e os problemas a serem dirimidos no ano seguinte.

Pela sanidade mental

Ao Jornal Opção, o médico psiquiatra Rodrigo Santana afirmou que cerca de 40% da população tem ou terá um transtorno psiquiátrico, passível de tratamento, durante a vida. “Até 2020 a depressão será, ou já é, o diagnóstico mais prevalente e incidente entre todos na medicina”.

“Muitos sofrerão anos por não procurar o profissional especializado no início do problema, o que irá dificultar a conduta do médico no tratamento e controle do transtorno”, explicou.

O profissional lembra que diversas figuras públicas, como por exemplo o humorista Chico Anísio (que tinha depressão recorrente), a modelo Luciana Vedramini (que trata TOC), Luciano do Vale (depressão) e Casagrande (abuso de drogas com internação especializada) têm procurado a mídia e exposto os seus problemas com os transtornos da mente, inclusive com participações em Congressos Oficiais da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

“Vejo essas manifestações de artistas e famosos como extremamente positivas para a quebra de paradigmas e até do preconceito no sentido que a doença mental pode afetar qualquer um, em qualquer idade ou situação social”, disse o médico.

Rodrigo explica que a depressão pode ser diagnosticada com apenas duas semanas de tristeza constante, desmotivação, apatia, irritabilidade, choro fácil, isolamento social, queda da atenção, falta de concentração e consequentemente diminuição do rendimento escolar ou no trabalho, muitas vezes sem motivo aparente.

O diagnóstico deve ser dado pelo especialista de Saúde Mental, no caso o psiquiatra, e a combinação do uso de medicações adequadas e psicoterapia, segundo o profissional, oferecem resultados surpreendentes.

“A associação com práticas regulares e adequadas de atividades físicas melhora em quase o dobro os efeitos benéficos das medicações. É importante nunca se automedicar. Nem os profissionais de saúde devem fazer isso. Um diagnóstico bem feito e um tratamento adequado podem salvar vidas e resgatar a autoestima, desejo de viver e qualidade de vida de muitos. Cuidemos então do nosso corpo e mente que são um conjunto e temos um só”, finalizou Rodrigo.

Enfrentando o problema

Conversamos com uma profissional de Relações Públicas de 24 anos que enfrentou o problema de frente. Por ter sofrido preconceito de conhecidos e no local de trabalho, a jovem preferiu não se identificar. “Fui diagnosticada com depressão, transtorno da ansiedade generalizada (TAG) e síndrome do pânico”, explicou.

Para a jovem, o principal ponto para se vencer um transtorno mental é o autoconhecimento. “Quando você percebe o primeiro ato é a negação de tratamento, isso ocorre pela falta de conhecimento e também pela ideia de que problemas psicológicos são frescura”, disse.

O problema só foi aceito pela jovem quando atividades de rotina passaram a se tornar incômodas e difíceis. Ela relatou que uma simples ida à padaria ou pegar um ônibus eram encarados com dificuldade. Foi aí que os amigos começam a cobrar que ela procurasse ajuda.

“Eu tive a ajuda de muitos amigos que me fizeram perceber que o problema estava fugindo ao meu controle. Existem muitos estigmas, mas aceitei ajuda e depois vi que foi mais simples do que eu imaginava. No entanto, quando despertei para o problema a situação já estava muito ruim e me vi no fundo do poço”, relatou.

A jovem explicou que precisou se afastar do trabalho, o que acarretou problemas em sua carreira profissional. “Fiquei 45 dias afastada e peguei férias, no entanto fui ameaçada de demissão diversas vezes, o que piorou meu quadro. Por não ser uma doença física a chefia e até colegas julgaram minha ausência como falta de compromisso e preguiça de trabalhar”, afirmou.

A melhora, no entanto, veio quando a jovem decidiu priorizar sua saúde mental e aceitou ficar internada em uma clínica. “Fiz tratamento com psiquiatra, psicanalista e os remédios me ajudaram muito. Tive a sorte de encontrar bons profissionais que me ajudaram a retomar as rédeas da minha vida”.

“Hoje eu tomo cuidado e evito situações gatilho como lugares muito cheios, além de tentar lidar com situações estressantes de outra forma. Não hesito em falar sobre meus problemas e pedir ajuda. Também aprendi técnicas de respiração e a conhecer meus limites”, relatou.

Prevenção ao Suicídio

É importante lembrar que mais de 90% dos casos de suicídio estão associados a distúrbios mentais, segundo dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Desse total, 36% das vítimas apresentavam transtornos de humor, como depressão, 14% foram diagnosticados com esquizofrenia e 10% possuíam transtornos de personalidade. Ainda de acordo com a OMS, nove em cada 10 casos poderiam ser prevenidos, o que mostra a importância da conscientização da população sobre saúde mental.

O Centro de Valorização da Vida (CVV) trabalha na prevenção ao suicídio, por meio de voluntários que dão apoio emocional a todas as pessoas que querem e precisam conversar, através do número 188. As ligações são gratuitas para todo o Brasil.

As redes sociais podem contribuir para o aparecimento de perturbações psicológicas

As redes sociais podem contribuir para o aparecimento de perturbações psicológicas

Portugal é o segundo país da Europa com maior prevalência de perturbações mentais entre a população. Um em cada quatro portugueses sofre de um problema de saúde mental. Segundo a Ordem dos Psicólogos, aproximadamente metade dos cidadãos – 43% – já teve uma perturbaçãomental em algum momento da sua vida.

«As pessoas vivem mais anos, mas com incapacidades na área da saúde mental, o que implica uma sobrecarga para a sociedade», afirma Dra. Teresa Santos, psicóloga clínica e da saúde, e Dra. Eleonora Gonçalves, psicóloga clínica no Grupo de Intervenção e Reabilitação Activa.

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Verifica-se, para as doenças mentais, uma perda de 22% do tempo de vida por incapacidade, segundo o parâmetro DALY [Disability Adjusted Life Years]. Para as doenças respiratórias e para a diabetes os valores estão entre os 4% e os 5%. Ao nível profissional, as pessoas com perturbações mentais tiram em média 3,1 dias por mês, comparativamente a 1 dia que as que não apresentam doença mental.

número de mortes é baixo e está sobretudo associado ao suicídio, com maior incidência na zona do Alentejo e na maioria em homens.

Ao longo dos anos, Portugal tem apresentado alguns avanços na saúde mental. A rede de serviços locais, os recursos médicos e a vertente ambulatória e de hospitalização de dia aumentou. Os internamentos passaram a ocorrer, na sua maioria, em hospitais gerais.

Existem também vários programas nacionais criados por entidades que visam a inclusão social de pessoas com doenças mentais. O Festival Mental, em Lisboa, é uma das iniciativas criadas. Pretende combater o tabu e o estigma que envolve a saúde mental, através do cinema, artes e informação.

No entanto, as especialistas referem que são necessárias mudanças profundas nos serviços de saúde mental, para que o país possa acompanhar o processo de mudança em marcha na Europa. O Plano Nacional de Saúde Mental continua em fase de implementação. Entre as orientações que defende destaca-se o «maior rigor e qualidade na prescrição de medicamentos na área da saúde mental».

Os números apontam para um aumento do uso de medicação no tratamento de problemas de saúde mental. Só no ano de 2016, foram prescritas perto de 30 milhões de embalagens de psicofármacos, o dobro do registado apenas três anos antes, em 2013.

São as doenças mentais um problema do século 21?

«Infelizmente sim. Os dados da última década evidenciam que principalmente nos países industrializados, as perturbações psiquiátricas se tornaram a principal causa de incapacidade e uma das principais causas de morte prematura», afirmam as psicólogas.

Em 2010, o estudo Global Burden of Disease referenciava as perturbações depressivas como a terceira causa global de doença (primeira nos países desenvolvidos). Prevê-se que em 2030 se assuma como primeira causa ao nível mundial, com possível agravamento de taxas de suicídio e para-suicídio (atitudes suicidas, comportamentos onde há risco de morte ou tentativas mal-sucedidas de suicídio).

Portugal apresenta uma das mais elevadas prevalências de doenças mentais da Europa e uma percentagem significativa de pessoas sem acesso a cuidados de saúde mental. Por sua vez, o uso de antidepressivos em Portugal é de 15%, valor superior face à média Europeia de 7%.

A internet pode ser uma das causas

«O uso excessivo da internet pode ter impacto na saúde mental e contribuir para o aparecimento de algumas perturbações psicológicas», assegura a psicoterapeuta. Existe uma linha ténue que separa o uso produtivo e equilibrado da internet, mais propriamente as redes sociais, versus a dependência da mesma, sendo que esta sim, pode ser patológica.

Esta é uma questão que se relaciona tanto com o grau do uso quantitativo, como com a qualidade dos conteúdos explorados na rede. Alguns autores começam já a falar de um transtorno de dependência de internet, enquadrados no âmbito das perturbações do controlo dos impulsos.

Questionada sobre a melhor forma de ajudar pessoas com doenças mentais as especialistas afirmam que «estar presente e disponível para ajudar» é fundamental. «É importante ouvir, não discriminar, não julgar e não minimizar a ‘dor que não se vê’.»

LEIA MAIS: Casos de demência estão a aumentar. Número de doentes duplicou

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Phelps ganha homenagem por atuação pelos portadores de doenças mentais

Phelps recebe prêmio por atuação de defesa dos portadores de distúrbios mentais
Phelps recebe prêmio por atuação de defesa dos portadores de distúrbios mentais Foto: Patrick T. Fallon/Reuters

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O ex-nadador americano Michael Phelps, dono de 23 medalhas de ouro olímpicas, ganhou na última semana destaque em outro papel. A Fundação Família Ruderman, renomada instituição nos Estados Unidos pelos direitos e visibilidade dos deficientes, prestou uma homenagem ao ícone olímpico pela participação na defesa das pessoas com deficiência, em especial sobre a saúde mental.

Nos últimos anos Phelps tem atuado no auxílio a pessoas com distúrbios mentais, principalmente no trabalho da sua fundação. O projeto do ex-nadador contempla atividades específicas para pessoas com essa dificuldade, além do próprio envolvimento de Phelps em parcerias com empresas que desenvolvem plataformas de auxílio a portadores de doenças.

O americano também expõe o assunto na mídia americana, principalmente em entrevistas em que ressalta a importância de se debater sobre qual a melhor forma de tratar os distúrbios mentais. Phelps agradeceu a homenagem da Fundação. “Temos esforços contínuos para ajudar a eliminar a vergonha e o estigma que cercam a doença mental”, escreveu.

Dispositivo traz novidades em monitoramento da apneia do sono

A apneia obstrutiva do sono (AOS) é uma doença respiratória caracterizada por interrupções breves e repetidas do fluxo de ar que entra pelo nariz ou pela boca durante o sono. Divididas entre pausas completas ou parciais, com redução de 30% a 50% do fluxo de ar, a apneia afeta 33% da população adulta no mundo – porém, 95% dos portadores ainda não foram diagnosticados.

Uma das dificuldades em mudar essa realidade está no exame de polissonografia. A necessidade de dormir em um laboratório, centro diagnóstico ou até em hospital para a realização do diagnóstico são inconvenientes suficientes para afastar o paciente da realização do exame, inclusive muitos que têm indicação médica para investigar a doença.

Visando mudar esse quadro e minimizar o desconforto, o Alta Excelência Diagnóstica lançou, com a Biologix, o dispositivo de Monitoramento Digital da Apneia do Sono (MDAS). Além de dispensar os fios e cabos obrigatórios para a realização da Polissonografia tradicional, o novo exame – exclusivo do Alta, pode ser realizado na comodidade da casa do paciente.

“Para realizar o monitoramento digital, o paciente recebe um sensor para levar para casa. Este deve ser colocado em um dos dedos da mão durante o período do sono, conforme orientações. As informações são transmitidas para o celular do paciente por tecnologia wireless (sem fio), via bluetooth. Dessa forma, as informações serão obtidas e analisadas, sem desconforto para o paciente, explica o neurorradiologista Márcio Garcia, gerente médico de inovação do Alta Excelência Diagnóstica.

“A oximetria já existe e é utilizada em outros países, mas nosso grande diferencial é a junção do dispositivo wireless com a monitorização contínua por meio do aplicativo do celular do paciente, que transforma a experiência em algo seguro, além de mais prático e agradável”, explica, Emerson Gasparetto, vice-presidente da área médica da Dasa; salientando que tal comodidade aumenta o engajamento do paciente, um dos maiores desafios no acompanhamento de doenças na atualidade.

Alguns sintomas e consequências podem ser alertas para a realização de um monitoramento, entre eles o ronco alto e frequente, dificuldade de manter o sono, sonolência e cansaço diurno, acidentes com veículos, dificuldade de concentração, comprometimento da memória, perda de produtividade, diminuição da libido e impotência sexual.

“A apneia atinge muitos brasileiros e a falta de diagnóstico leva ao não tratamento da maneira adequada”, conta a neurologista Rosa Hasan, responsável pelo setor de polissonografia do Alta. “Ter um sono fragmentado e não reparador com micro despertares imperceptíveis e a falta intermitente de oxigenação adequada são alguns sinais da necessidade de um exame”, completa.

Dormir mal pode causar diversos problemas de saúde

O sono foi um dos temas abordados em 2018 pelo Radar Dasa da Saúde, um estudo qualitativo e inédito sobre a percepção do brasileiro em relação à saúde. Feita em parceria com o Instituto Ipsos, a pesquisa revelou que um em quatro brasileiros têm, com frequência, noites de insônia e de sono interrompido. São mais de 58% de pessoas que afirmam ter interrupções ao menos uma noite por semana e 16% que raramente ou nunca consegue dormir uma noite contínua.

A situação é preocupante pois, além de atrapalhar o humor e a motivação, ao longo do tempo, a privação de sono aumenta o risco de problemas crônicos de saúde, que incluem obesidade, diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, além de aumentar a vulnerabilidade a doenças mentais – como depressão e ansiedade.

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Daniel Sampaio apresenta livro sobre impacto da Internet na vida dos jovens e dos pais

O psiquiatra e terapeuta familiar Daniel Sampaio vai estar no Auditório Municipal de Alcácer do Sal no próximo dia 19, a convite da Câmara Municipal, para apresentar a partir das 16h00 o seu mais recente livro intitulado “Do telemóvel para o mundo: pais e adolescentes no tempo da Internet”.

Trata-se da 27.ª obra do reputado clínico que, lembra a autarquia, “aborda numa linguagem coloquial, mas rigorosa a mais actual problemática com que se confrontam adolescentes, pais e educadores hoje em dia: a relação dos jovens com a Internet e as redes sociais”.

A edilidade sublinha que, através da obra publicada, ao apresentar a Internet como uma oportunidade de proximidade, “Daniel Sampaio disponibiliza um guia prático aos pais sobre como utilizar esta ferramenta nas relações com os filhos, que vivem muito no mundo virtual e na Internet, principalmente através do telemóvel”. Ao mesmo tempo, disseca também alguns dos “problemas de má utilização, nomeadamente a vulgarização da intimidade através das redes sociais, como o Instagram, Facebook, WhatsApp, Snapchat e o YouTube”, além de abordar ainda “a relação dos jovens e dos educadores com a sexualidade, as drogas e o álcool, relatando casos clínicos específicos”.

Nascido em 1946, em Lisboa, Daniel Sampaio doutorou-se na especialidade de Psiquiatria em 1986, é professor catedrático de Psiquiatria na Faculdade de Medicina de Lisboa e tem coordenado, no Hospital de Santa Maria, unidades de intervenção para adolescentes em crise. “Foi um dos introdutores da Terapia Familiar em Portugal, a partir da Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar, que fundou em 1979. Tem-se dedicado ao estudo dos problemas dos jovens e das suas famílias e publicou diversos livros sobre o tema”, acrescenta, a concluir, a autarquia sobre o clínico.

Governo chama atenção para os cuidados de saúde mental na Campanha Janeiro Branco – Maranhão

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O incentivo para tratar a saúde mental, não como doença, mas como parte dos cuidados para uma vida saudável é uma das prioridades do Departamento de Atenção à Saúde Mental da Secretaria de Estado de Saúde (SES), que neste mês desenvolve o Janeiro Branco, cujo tema é “Quem Cuida da Mente, Cuida da Vida”. A campanha tem como objetivo promover a saúde emocional da população. A campanha, também, coloca em prática a Política Nacional de Saúde Mental, que compreende as estratégias e diretrizes adotadas para organizar a assistência às pessoas com necessidades de tratamento e cuidados específicos em saúde mental.

Atualmente, o Maranhão tem 86 Centros de Atenção Psicossocial espalhados em 72 municípios. Essas unidades proporcionam atenção a pessoas com necessidades relacionadas a transtornos mentais como depressão, ansiedade, esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo e outros, além de pessoas com quadro de uso nocivo e dependência de substâncias psicoativas, como álcool, cocaína, crack e outras drogas.

O acolhimento dessas pessoas e seus familiares é uma estratégia de atenção fundamental para a identificação das necessidades assistenciais, alívio do sofrimento e planejamento de intervenções medicamentosas e terapêuticas, se e quando necessárias, conforme cada caso. Os indivíduos em situações de crise podem ser atendidos em qualquer serviço da Rede de Atenção Psicossocial, formada por várias unidades com finalidades distintas, de forma integral e gratuita, pela rede pública de saúde.

“Temos feito muitas ações de prevenção, principalmente dentro do ambiente escolar, associações comunitárias, para falar sobre relações interpessoais, prevenção às drogas e ao suicídio. O impacto dessas ações para a saúde mental é enorme, pois começamos a olhar essas pessoas de outra maneira e esse tem sido o diferencial da Secretaria de Estado de Saúde”, afirma Márcio Menezes, chefe do Departamento de Atenção à Saúde Mental da SES.

Atividades

A diretora do Centro de Atenção Psicossocial Dr. Bacelar Viana (CAPS III), em São Luís, Ana Gabrielle Guterres Romanhol, explica que o propósito das ações do Janeiro Branco e das programações internas das unidades é reinventar as práticas dos dispositivos que compõem a rede, levando os pacientes para atividades integrativas, além de incentivar a construção de práticas de saúde mais acolhedoras e de fortalecimento de vínculos entre os indivíduos.

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Ana Gabrielle destaca importância da campanha. (Foto: Vitor Jordan)

“A atenção psicossocial tem como objetivo fazer com que essas pessoas que têm transtorno mental, possam se ressignificar. Eles chegam aqui achando que a vida não tem um sentido, chegam em crise mesmo. Nós trabalhamos com eles a questão da autoestima, da autonomia, das suas potencialidades, para que possam perceber que há sim possibilidade de vida, de cuidado”, afirma Ana Gabrielle Guterres Romanhol.

Para Suely Maria Santos de Sá, 52, paciente assistida no CAPS III, a ação externa e integrativa colabora com o tratamento. “É muito bom para gente ter mais interação com as outas pessoas, nos ajuda a desembaraçar nossas emoções. Aqui participo de tudo, das oficinas, atividades externas e de tudo que possa me deixar mais feliz”, comenta a paciente, que está em tratamento na unidade estadual há oito meses.

Rede de cuidados

Os principais atendimentos em saúde mental são realizados nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que existem no país, onde o usuário recebe atendimento próximo da família com assistência multiprofissional e cuidado terapêutico conforme o quadro de saúde de cada paciente. Nesses locais também há possibilidade de acolhimento noturno e/ou cuidado contínuo em situações de maior complexidade.

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Suely Maria Santos está satisfeita com o tratamento no CAPS III. (Foto: Vitor Jordan)

A SES possui uma rede de cuidados, desenvolvendo políticas públicas efetivas. A Rede Estadual de Saúde Mental é composta por dois Centros de Atenção Psicossocial: o CAPS Álcool e Drogas (CAPS-AD) e o CAPS III – Dr. Bacelar Viana, unidades consideradas “porta aberta”. Também integra a rede a Unidade de Acolhimento (UA) e três Residências Terapêuticas (RT), o Hospital Nina Rodrigues. Além das ações assistenciais, o Governo aposta na qualificação dos profissionais das unidades públicas de saúde.

Todas as pessoas, de ambos os sexos e em qualquer faixa etária, podem ser afetadas, em algum momento, por problemas de saúde mental ou dependência química, de maior ou menor gravidade. Algumas fases, no entanto, podem servir como gatilhos para início do problema.

“Os profissionais, hoje, possuem uma visão mais ampla. A SES, por intermédio do Departamento de Saúde Mental, também, montou um protocolo clínico de urgência e emergência com os cinco principais transtornos que estão nas portas de entrada das urgências e emergências. Ele serve de apoio no trabalho de diagnóstico e nos auxilia na prevenção desses problemas e até mesmo no tratamento”, pontua Márcio Menezes.

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Sono, boa alimentação e exercício físico. O que exige a saúde mental das crianças?

A psicóloga Inês Afonso Marques aponta os três fatores essenciais para a saúde mental dos mais novos.

Foto: Fábio Poço/Global Imagens

É preciso dar importância à saúde mental e é essencial que não nos centremos apenas na saúde mental dos adultos. A psicóloga clínica e psicoterapeuta infantojuvenil Inês Afonso Marques afirma que há três pilares fundamentais aos quais devemos dar atenção: o sono, a alimentação e o exercício físico.

É essencial garantir que as crianças descansam, que “têm um sono reparador e dormem o número de horas suficiente”. Inês Afonso Marques lembra que o sono é fundamental para que as crianças cresçam saudáveis, consigam regular as suas emoções, consigam estar atentas na escola e tenham vontade de aprender.

“O outro pilar ter a ver com a alimentação, garantirmos que as nossas crianças têm uma alimentação tendencialmente equilibrada, que não saltam refeições, que tomam um bom pequeno-almoço antes de irem para a escola”, sublinha a psicóloga.

A atividade física é o terceiro pilar. “É fundamental que todas as crianças possam mexer-se e praticar algum tipo de atividade física”, concluiu.

 

Cai investimento em pesquisa de fármacos para saúde mental

Foi publicado mais um número (volume 97, número 4, 2018) da Revista de Medicina .Esta é a edição mais recente da publicação trimestral em 2018, editada pelo Departamento Científico da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

Destaca-se o artigo Fármacos inovadores em saúde mental, que aborda o descompasso entre o desenvolvimento de distúrbios psiquiátricos na população e o investimento em novos fármacos para tratá-los. “Apesar do aumento global das doenças mentais, os investimentos destinados à pesquisa de novos fármacos apresentaram uma redução expressiva na última década, fato que pode impactar negativamente na descoberta de fármacos inovadores”, diz o resumo do artigo. Os resultados da pesquisa, segundo a mesma, “mostram uma tendência de diminuição do número de aprovações e inovações, com apenas 28 fármacos inovadores”.

Esta edição conta também com o editorial de Bárbara Kumagai, sob o título O acesso ao conhecimento como alicerce estudantil. Os artigos deste número abordam temas como hiperparatireoidismo secundário em mulheres na pós-menopausa e síndrome do ovário policístico.

Além dos artigos, a publicação traz relatos de experiência e de caso, e também cartas ao editor.

Leia o conteúdo completo da revista no Portal de Revistas da USP.

Mais informações: e-mail revistademedicina@fm.usp.br

 

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Seis em cada dez brasileiros já receberam diagnóstico de doença mental

A Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que em 2020, ou seja, no próximo ano, a depressão será a primeira causa de afastamento do trabalho, ultrapassando as doenças musculoesqueléticas. Por isso, vem ganhando cada vez mais importância o movimento Janeiro Branco, criado há seis anos, que chama a atenção para os cuidados com a saúde mental. No Brasil, as dificuldades de acesso aos especialistas e aos medicamentos são os principais entraves para que as pessoas busquem ajuda.

Pesquisa realizada entre dezembro de 2018 e janeiro do ano passado, denominada “Como anda a saúde mental dos brasileiros”, coordenada pela psicóloga e neuropsicóloga Thaís Quaranta, mostrou que a maior parte dos entrevistados (66%), já recebeu um diagnóstico de um transtorno mental em algum momentos da vida. Porém, 36% deles consideraram os valores do tratamento psicoterápico incompatíveis com a sua renda. Cerca de 30% da amostra não tinha plano de saúde e disse que seria muito difícil ter acesso a esse serviço.

Thaís acredita, então, que o problema do brasileiro não é o preconceito com relação às doenças mentais. Ele quer se tratar. Porém, muitas vezes não tem acesso ao tratamento. “Quem usa o SUS, relata dificuldade no acesso. “Fica claro que este é o principal motivo para haver tanta gente com doenças mentais no país”, diz a especialista. Na sua pesquisa, a médica constatou também que quando o brasileiro sente que está com as emoções fora de controle, com problemas ou dificuldades, prefere se isolar, o que é ruim. Nestes momentos é fundamental procurar ajuda”, alerta. Comer e dormir demais e usar a internet e as redes sociais por tempo longo ocuparam as primeiras posições no ranking das válvulas de escape, logo depois do isolamento. Para Thais, sem perceber, quem faz isso pode piorar a situação e criar outros problemas.

Embora apenas uma minoria da população brasileira possa pagar por serviços como psicoterapia, consultas particulares e medicamentos psiquiátricos, existem recursos desconhecidos que podem ajudar quem precisa ou quer cuidar da saúde mental. Conheça alguns deles:

• Clínicas gratuitas: Muitas faculdades que oferecem cursos de Psicologia promovem atendimentos gratuitos. Há também algumas organizações não governamentais (ONGS) que possuem esses serviços ou que podem facilitar o acesso.

• Farmácia do SUS: Alguns medicamentos podem ser retirados nas farmácias do SUS, desde que estejam na lista de medicamentos que são distribuídos pela Secretaria de Saúde de cada estado ou município.

• CAPS: Existem em algumas cidades os CAPS – Centros de Atenção Psicossocial. São especializados no tratamento e acompanhamento de pacientes com transtornos mentais, com psiquiatras, psicólogos, oficinas, entre outros tratamentos.

• Reembolso: Para quem tem plano de saúde, vale conferir o valor do reembolso. Desde que haja um relatório do médico psiquiatra prescrevendo as sessões de psicoterapia, é possível solicitar o reembolso. O valor pode cobrir uma parte ou até mesmo o valor total das sessões.

Leia outras colunas de Viviane Bevilacqua

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Ansiedade e solidão são fatores de risco à economia global, diz estudo

LONDRES – Na era da ansiedade, não há como negar os riscos que as emoções negativas e as tensões psicológicas desencadeadas pelo ritmo acelerado da vida moderna oferecem à economia do planeta. E tudo indica que eles estão em alta. Pode parecer conversa de livro de auto-ajuda, mas, na ponta do lápis, os problemas relacionados à saúde mental dos indivíduos mundo afora custam caro. Foi exatamente por esta razão que o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) decidiu incluir, pela primeira vez, no seu relatório anual “Riscos”, mais estes problemas na longa lista de ameaças que desafiam o crescimento econômico e a estabilidade planetária para os próximos anos.

– Há alguns anos, eu vinha pensando em como incluir esta questão no relatório. É uma parte importante do que temos tratado. As experiências emocionais e psicológicas da vida diária, pessoal e profissional, devem ser contabilizadas. Estamos falando de não ter um emprego, ou ter, mas ter uma salário muito baixo, sentir-se inseguro diante da automação, viver em uma sociedade mais polarizada, onde há um crescimento da oposição raivosa que define em processos politicos, em vez de uma oposição construtiva – disse ao GLOBO Aengus Collins, chefe da Agenda de Riscos Globais e Geopolítica do WEF, um dos autores do relatório.

Até 2018, o documento limitava-se a tratar dos impactos de cifras dos mercados financeiros e de questões estruturais – como sistemas sob estresse, instituições que já não se adequam aos desafios do mundo moderno e impactos adversos de políticas e práticas – como fatores de risco à economia global. Mas tudo isso, somado à velocidade dos avanços tecnológicos e da informação, se traduz em tensões psicológicas e emocionais sobre os indivíduos. E isso também gera custos. Estima-se em 700 milhões o número de pessoas afetadas por problemas mentais pelo mundo.

Os problemas relacionados à saúde mental custaram US$ 2,5 trilhões ao mundo em 2010. Deste total, dois terços correspondem a despesas indiretas, como queda na produtividade, aposentadoria precoce, entre outros. Um terço equivale aos custos de diagnóstico e tratamento das doenças. Os dados foram levantados por pesquisa do WEF e da Harvard School.

“Devem-se às mudanças complexas da sociedade, tecnologias e ambiente de trabalho, que têm profundo impacto na experiência das pessoas. Um tema comum é o estresse psicológico da falta de controle sobre as incertezas”, diz o estudo.

O documento afirma que pesquisas recentes mostram uma tendência de crescimento do sentimento negativo das pessoas (dor, preocupação e tristeza), que bateu o nível mais alto dos últimos cinco anos. Os sentimentos positivos mantiveram-se estáveis no período. Mas, segundo o relatório, a tendência é preocupante. De acordo com a pesquisa Gallup, que, anualmente, mede o estado emocional dos entrevistados, em 2017, quase quatro em dez pessoas disseram ter tido uma experiência triste no dia anterior; três em dez experimentaram dor física; e duas em dez, raiva. E, por mais que esta última ainda não seja preponderante, este está sendo definido o sentimento do ‘zeitgeist’.

“Alguns sugerem que esta é a ‘era da raiva’, ao notar um tremendo aumento no ódio mútuo. E, ainda que a raiva pública possa ser unificadora e catalisadora – uma esperança em geral identificada no começo da década em relação à Primavera Árabe -, ela passou a ser vista mais como policialmente divisora e socialmente corrosiva”.

Segundo Collins, não se pode mitigar um tipo de risco, criando outro. Isso significa quee é preciso estar atento também ao indivíduo. Deve-se buscar um equilíbrio entre as esferas globais, regionais e nacionais, garantindo que o indivíduo se sinta parte das decisões que estão sendo tomadas.

– Não é um processo fácil. Vivemos num mundo complexo, marcado pelo avanço da tecnologia, velocidade das informações, de novas mídias.

O relatório ainda destaca os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), que apontam para aumento das disfunções ligadas à depressão e à ansiedade em 54% e 42%, respectivamente, entre 1990 e 2013. No rol da lista de problemas que terão afetado as emoções da população mundial estão desde a solidão das cidades grandes, onde há um percentual cada vez maior de imóveis ocupados por apenas uma pessoa, até os efeitos do excesso de internet, da rapidez da tecnologia, da automação da produção industrial e até dos desentendimentos politicos na sociedade. O WEF menciona estudo recente realizado nos Estados Unidos, que indica que, antes, a população exprimia frustração nas disputas politicas, e hoje é raiva. Pesquisa realizada em 2016 durante a eleição presidencial que levou o republicado Donald Trump ao comando da Casa Branca, mostra que quase um terço dos entrevistados pararam de falar com um membro da família ou com amigos.

A violência também provoca medo na população e em efeitos sobre a saúde mental das pessoas. E o relatório destaca, por exemplo, que, embora a taxa de homicídios tenha caído na última década, esse é um problema que afeta as regiões de maneira distinta. “Na América Latina, onde estão 8% da população global, registram-se 33% dos assassinatos.
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Psicólogo de Uberlândia percorre o país para conscientizar sobre saúde mental

Há seis anos o psicólogo Leonardo Abrahão, de 44 anos, teve a ideia de ajudar as pessoas e conscientizá-las sobre a importância de cuidar da saúde mental e emocional para além das paredes do consultório. Assim foi criada a campanha “Janeiro Branco”, que começou em Uberlândia e hoje percorre diversos estados brasileiros.

O especialista realiza palestras sobre o tema pelo país, ao lado da equipe que o ajuda na campanha, e desenvolve outras ações nas cidades brasileiras durante todo o mês de janeiro.

“A campanha tem uma comunicação direta, didática e pedagógica. É uma chamada à sociedade para a necessidade de se combater o adoecimento emocional. É trabalhar a prevenção partindo do pressuposto de que todo ser humano possui necessidades emocionais e mentais básicas”, comentou.

Segundo o idealizador, o “Janeiro Branco” não tem o intuito de estimular a procura por atendimentos psicológicos e sim para fazer com que o cidadão se conscientize para investir nessas necessidades básicas que, geralmente, são supridas por ações simples e eficazes para garantir a saúde mental e emocional.

Confira abaixo algumas dicas básicas do psicólogo e que são disseminadas durante a campanha.

  • Seja mais presente;
  • Viva a vida com respeito;
  • Tenha mais diálogos;
  • Invista em afeto;
  • Cuide da sua saúde;
  • Busque autoconhecimento;
  • Dê-se mais tempo;
  • Viva com mais sentido;
  • Diga não a preconceitos;
  • Diga não a violências.

Leonardo Abrahão é o idealizador da campanha 'Janeiro Branco' que ocorre no Brasil inteiro  — Foto: Leonardo Abrahão/Arquivo pessoal Leonardo Abrahão é o idealizador da campanha 'Janeiro Branco' que ocorre no Brasil inteiro  — Foto: Leonardo Abrahão/Arquivo pessoal

Leonardo Abrahão é o idealizador da campanha ‘Janeiro Branco’ que ocorre no Brasil inteiro — Foto: Leonardo Abrahão/Arquivo pessoal

Ausência de políticas públicas

A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que a maioria dos casos de suicídio está relacionada a distúrbios mentais, principalmente aos transtornos de humor como é o caso da depressão.

Só em Uberlândia foram registradas, no ano passado, 255 ocorrências de suicídio e tentativas, quase um caso a cada 36h. Abrahão pontuou a falta de políticas públicas para minimizar os casos no país.

“Nos países onde os governos resolveram enfrentar o problema do adoecimento mental e emocional, as taxas de suicídio começaram a cair. Aqui no Brasil, por sua vez, as políticas públicas voltadas para isso estão retrocedendo. Por isso a campanha se faz mais necessária ainda, porque ela está preenchendo essa lacuna”, destacou.

Além de palestras, a campanha nacional conta com passeatas, rodas de conversa em parques e praia e panfletagem. O projeto que ocorre desde 2014 também mobilizou diversas cidades a sancionar leis para resguardar o mês de ações de prevenção e conscientização, como é o caso de Uberlândia.

Atendimentos são ampliados

Os atendimentos na rede pública em Uberlândia, por meio do Programa Municipal de Saúde Mental, são feitos nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) ou nas unidades de saúde de Atenção Primária no caso de pacientes sem maior gravidade.

De acordo com o coordenador da rede de urgência e emergência, Clauber Lourenço, o programa foi reestruturado para aumentar a cobertura e registrou um aumento de quase 40% nos atendimentos. Em 2017, a Prefeitura registrou 88 mil atendimentos e no ano seguinte foram aproximadamente 120 mil consultas.

Quando as equipes multidisciplinares compostas por psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais identificam um paciente em situação de risco, começa a ser feito o atendimento do paciente também a nível familiar para evitar, por exemplo, que a doença evolua e o paciente tente contra a própria vida.

“O atendimento psicossocial não é individual e depende também da vontade do paciente. No caso de risco iminente, é feita também a conscientização da família até porque a maior dificuldade hoje é a adesão voluntária do paciente ao tratamento”, comentou.