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Estudo alerta que mundo está em crise de saúde mental

mulher sentada na cama com as mãos na cabeça

Crédito: Carlo107/istockTranstornos mentais podem custar US$ 16 trilhões

Os distúrbios de saúde se alastram em todos os países do mundo e podem custar à economia global até US$ 16 trilhões entre 2010 e 2030, de acordo com o relatório Lancet Comission feito por 28 especialistas em Psiquiatria, saúde pública e neurociência.

Segundo o coautor do relatório, Vikram Patel, da Faculdade de Medicina de Harvard, parte dos gastos será destinada à assistência médica, remédios e outras terapias, mas a maior parte da verba será gasta de forma indireta, como em produtividade no trabalho, projetos de bem-estar social e legislação. Patel, no entanto, afirma que se os problemas fossem adequadamente abordados, seria possível evitar o gasto de 13,5 milhões por ano.

“Nenhuma outra condição de saúde na humanidade foi tão negligenciada  quanto à saúde mental”, disse Patel.

A comissão ainda avalia que “a qualidade dos serviços de saúde mental é rotineiramente pior do que aqueles destinados à saúde física”, e muitos pacientes de transtornos mentais são submetidos a graves violações dos direitos humanos, como algemamento, tortura e prisão.

Epidemia de transtornos mentais

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de depressão e 50 milhões, de demência. A esquizofrenia é estimada em 23 milhões de pessoas e o transtorno bipolar em cerca de 60 milhões.

Ainda segundo dados da organização, em todo o mundo, uma em cada quatro pessoas vai sofrer com algum transtorno mental em algum momento da vida. O risco de certas perturbações, inclusive a doença de Alzheimer, aumenta com a idade. Para os especialistas, o preconceito e o estigma relacionados a essas doenças mentais ainda são os grandes entraves para a busca de tratamento.

Saúde mental da mulher

mulher triste ao lado da janela

Crédito: dragana991/istockMulheres têm o dobro de chances de desenvolver depressão

De acordo com o psiquiatra Joel Rennó Jr., professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, no Brasil, as mulheres estão mais vulneráveis à doenças mentais, como depressão e ansiedade.

“É muito frequente mulheres que sofrem de depressão ter um histórico de violência e abusos de diversas ordens. A gente vê na imprensa o índice absurdo de violência por parte de pai, de marido, de chefes. No trabalho, muitas vezes, elas são mais pressionadas e exigidas, mais testadas e ganham menos proporcionalmente”, ressalta o médico, que é diretor do Programa de Saúde Mental da Mulher, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP.

Além disso, Rennó também cita as questões hormonais como grandes causadores de depressão em mulheres ao longo da vida. “A queda de estrogênio (hormônio sexual feminino produzido principalmente pelos ovários) tem uma ação sobre o sistema nervoso central. Algumas mulheres são mais sensíveis às oscilações de níveis hormonais. Principalmente no período pré-menstrual, durante a gestação, no pós-parto e no período perimenopausa , que se inicia cerca de 5 anos antes da menopausa”, esclarece.

Redes sociais x saúde mental

As redes sociais também exercem uma forte influência na saúde mental dos usuários. Um estudo canadense, por exemplo, descobriu que estudantes que passavam mais de duas horas por dia em redes sociais tinham índices mais altos de ansiedade, depressão, pensamentos suicidas e outros problemas de ordem mental.

Esse não é único estudo que estabelece um paralelo entre o uso de redes sociais e distúrbios mentais em jovens.

Uma pesquisa realizada em 2017 pela Royal Society for Public Health indica que os britânicos de 14 e 24 anos acreditam que Facebook, Instagram e Twitter têm efeitos prejudiciais sobre o seu bem-estar.

Segundo esses jovens, as plataformas fazem aumentar a ansiedade e a depressão, os expõem ao bullying e criam preocupações sobre sua imagem corporal.

 

Como a escola pode usar a internet para discutir saúde mental?

Como a escola pode usar a internet para discutir saúde mental

Metade dos 30 mil atendimentos anuais recebidos no chat do CVV são de jovens de 13 e 20 anos e 50% falam em morte e suicídio

POR:

Laís Semis
Foto: Lucas Magalhães/NOVA ESCOLA

É possível ensinar aos “nativos digitais” como usar melhor a internet? Há quem não tenha dúvidas de que sim. “Às vezes, a gente confunde usar intensamente com saber usar e ter capacidade de desfrutar inclusive das oportunidades que essas tecnologias trazem”, diz Rodrigo Nejm, diretor de Educação da SaferNet Brasil e doutor em psicologia. Para ele, o próprio uso do termo “nativos digitais” é perigoso porque mascara uma ideia de que a tecnologia é nata às novas gerações. “Acabamos atribuindo uma série de habilidades e competências que não são automáticas para as gerações que nasceram em época de abundância de tecnologia. Eles sabem usar muitas vezes por tentativa e erro”, explica. O tema foi discutido no evento Saúde Mental na Escola, realizado pela NOVA ESCOLA, com apoio do Facebook e Instagram.

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Nem sempre crianças e adolescentes dominam recursos como gerenciamento de configurações, padrões de conduta ou a pesquisa em fontes confiáveis quando navegam pela internet. E é nesse contexto que a escola pode contribuir. Para Rodrigo, mais do que uma tarefa do professor de informática ou um trabalho pontual dentro de um componente curricular, esses temas precisam ser trabalhados de forma diluída como competências básicas de habilidade de vida social. “São noções cívicas básicas que ninguém aprende sozinho só porque nasceu depois dos anos 2000”. Professores e alunos poderiam complementar e fundir suas aprendizagens no ambiente digital.

Rodrigo Nejm/ Foto: Lucas Magalhães/NOVA ESCOLA

IDENTIDADE E COMPORTAMENTO

Um dos primeiros passos para falar de internet com os jovens é ter uma mudança de olhar sobre as redes sociais e outras plataformas da internet. Não é o paraíso que se proclama, mas também não é o vale perdido que tantos temem. “Em muitas discussões, essa questão é colocada de maneira antagônica: seriam as redes sociais algo bom ou ruim para essas novas gerações?”, diz Natália Paiva, gerente de políticas públicas do Instagram para a América Latina. No entanto, outras leituras poderiam ser feitas. “Elas podem ser vistas como uma realidade, uma extensão muitas vezes do espaço social em que os jovens estão. É um lugar de socialização, expressão e de conexão”. Assim, da mesma maneira que acontece na convivência fora do espaço virtual, podem refletir comportamentos de todas as naturezas.

Natália Paiva/ Foto: Lucas Magalhães/NOVA ESCOLA

Pelo alcance e exposição, um assunto, um post, um pensamento podem ganhar uma repercussão ampliada. “Na mediação digital, eu posso me sentir mais forte para expressar algumas coisas e mais frágil para outras”, diz Rodrigo Nejm. Por isso, o diretor de Educação da SaferNet Brasil acredita que a escola pode usá-lo como espaço de autorreflexão e crítica sobre o próprio uso. “Esse momento de refletir sobre meus preconceitos, contradições é muito interessante porque abre um espaço de cidadania e do meu lugar no mundo”.

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E a cidadania digital é o caminho para garantir uma convivência responsável e saudável na internet. Assim como acontece no mundo real, a construção de cidadãos conscientes no mundo digital é a garantia de que haja ética e segurança para os usuários, com respeito às regras de conduta. A escola pode contribuir para esta conscientização ao levá-los a se questionar sobre determinadas ações e reações na vida online, ao apresentar informações e recursos que permitam um melhor uso e mais qualificado desse espaço.

Um meio de fazer isso é usar situações reais recorrentes. “Se houver um comentário ofensivo, como eu reajo a isso?”, exemplifica Natália. Questionar como os adolescentes se sentem nesses espaços, como usam e como se sentem afetados por acontecimentos que podem surgir neles pode ser uma oportunidade para orientá-los. Confira abaixo algumas dicas de perguntas do Instagram para começar uma conversa com um adolescente sobre redes sociais:

  1. O que você gosta no Instagram?
  2. Quais são as principais contas que você gosta?
  3. O que você gostaria que eu soubesse?
  4. Em que você pensa antes de publicar algo?
  5. Se você pensa antes de publicar algo?
  6. Como as curtidas e comentários afetam como você se sente?
  7. Como você se sente em relação à quantidade de tempo que passa online?
  8. Você conhece seus seguidores: e se um desconhecido entrasse em contato por direct?
  9. Você já sentiu algum desconforto com algo que viu ou com alguma experiência que teve online?
  10. O que você faria se visse alguém sofrendo bullying? Conhece os mecanismos de denúncia?

Ao ter conhecimento das diretrizes cidadãs e dos diferentes recursos disponíveis para combater comportamentos impróprios, é possível fazer algo para mudar determinadas situações, como o bullying ou a pornografia de revanche. Na plataforma do Instagram, também há dicas de como denunciar casos de bullying ou comportamentos abusivos (acesse aqui).

Daniele Kleiner / Foto: Lucas Magalhães/NOVA ESCOLA

Diversos sites oferecem instruções para quem presencia ou se envolve em crimes e violações contra os Direitos Humanos na Internet. O Facebook, por exemplo, disponibiliza em sua plataforma uma Central de Segurança, que reúne diversos desses materiais. “A gente tem uma equipe que trabalha 24 horas por dia, 7 dias na semana para revisar esses conteúdos denunciados e tomar ações concretas”, conta Daniele Kleiner, gerente de políticas e programas de segurança para a região da América Latina no Facebook. A SaferNet Brasil, além das cartilhas, oferece um serviço de recebimento de denúncias anônimas.

COMPORTAMENTOS DE RISCO

Grupos, sites e até brincadeiras perigosas (os chamados desafios) circulam temas ligados à automutilação e suicídio de maneira mais romantizada, incentivando comportamentos e até ensinam como praticá-los. Por mais assustador que possa parecer – especialmente se um adulto descobre que um aluno é praticante, por exemplo, de um desafio online que pode colocar sua vida em risco –, uma reação repreensiva ou desencorajadora por parte do adulto pode fazer com que esse jovem se feche para uma conversa mais sincera. “Como adultos responsáveis, nós precisamos dosar nossa reação emocional”, diz Rodrigo. A estratégia da escuta sensível pode funcionar melhor, garante.

Vale lembrar que esse lado tenebroso da internet é só uma de suas vertentes. E não é por isso que a internet precisa ser a vilã temida. “É a mesma metáfora do espelho: não adianta eu quebrar o espelho se eu me incomodo com a imagem que eu vejo refletida”, aponta o diretor de Educação da SaferNet Brasil. Há uma infinidade de possibilidades positivas que a internet proporciona, que podem inclusive apoiar muito a Educação. O grande desafio seria pensar estratégias para mediar o acesso. “Não é esconder completamente o risco, mas ter informação pras pessoas saberem quais são os riscos e evitar produzir dano a partir desse risco. Essa é uma estratégia importante”.

O mundo digital também é um espaço de promoção e prevenção de comportamentos abusivos e de risco. E não é preciso ir muito longe para se deparar com essas ferramentas. Basta explorar um pouco mais os próprios espaços que ocupamos, muitas vezes, diariamente. “O Facebook trabalha com a prevenção do suicídio há mais ou menos 10 anos”, relembra Daniele Kleiner. “Sabemos que o Facebook está em uma posição única para que as pessoas possam de fato dizer o que elas estão sentindo e possam ser de fato alcançadas por ajuda”. A plataforma desenvolveu um sistema inteligente, que foi alimentado com determinados comportamentos de risco e aprende determinados padrões. Quando a ferramenta identifica uma publicação de risco, ela envia opções para falar com um amigo ou entrar em contato com uma linha de ajuda. “As pessoas também podem e devem denunciar, caso alguém faça uma postagem que expressa sofrimento emocional”, diz Daniele.

A linha de ajuda indicada pelo Facebook é a do Centro de Valorização da Vida (CVV). O trabalho da organização, que conta com voluntários que se colocam à disposição para conversar e dar apoio emocional, começou com atendimentos pessoais e foi evoluindo pelos meios de comunicação. “Hoje, recebemos 2,5 milhões de ligações por ano e 30 mil atendimentos por chat”, conta Antonio Carlos Braga, diretor do CVV. Ele conta que a instituição questionava se o calor de uma ligação poderia substituir as palavras escritas pelo chat. “O susto que nós levamos foi que no chat as pessoas escrevem o que não falam. Ele entra direto no assunto “não aguento mais”. É muito forte. Não tem aquecimento”. Outro susto são os números de quem pede ajuda online: 50% de quem entra no chat têm entre 13 e 20 anos e 50% falam em morte e suicídio.

Antônio Carlos Braga / Foto: Lucas Magalhães / NOVA ESCOLA

 

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Com o público de adolescentes e jovens em alerta, o CVV está desenvolvendo com a ajuda de profissionais uma apostila e uma série de vídeos com foco em educadores e pais sobre o tema e com dicas para uma escuta acolhedora.

Para levar o tema desses espaços de risco e prevenção para a sala de aula, é preciso deixar os preconceitos, medos e moralismo do lado de fora. “Não funciona aquela coisa do ‘hoje vamos falar sobre os perigos da internet’. Não faça isso”, aconselha Rodrigo. A conversa pode ser levada por outras perguntas que disparem boas conversas e possam promover uma postura mais crítica. Falar sobre o que pode incomodar no espaço digital e quais são as vezes que temos reações emocionais negativas diante das telas pode ser o início dessa conversa.

O mito de que os “nativos digitais” já sabem tudo e os adultos não podem ensinar mais nada a eles precisa ser quebrado. Para Rodrigo, o uso entre adolescentes e adultos não necessariamente será o mesmo com a troca intergeracional de aprendizados. “A riqueza da internet é permitir vários usos. É a apropriação dela que vai fazer a diferença”, diz o especialista. “Precisamos pensar como a escola pode desenvolver a cultura digital como uma competência. Mais do que usar a tecnologia na escola ou na didática, a escola ser um espaço de reflexão na vida dentro e fora desse espaço”.

 

Associação de Psiquiatria da América Latina dá dicas sobre raiva em redes sociais nas eleições

Com os conflitos gerados na internet no período das eleições, os sentimentos de raiva e ódio estão cada vez mais presentes. De acordo com o superintendente-técnico da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e também presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina (APAL), Dr. Antonio Geraldo, a quantidade e velocidade das informações postadas e replicadas nas mídias sociais, sejam elas verdadeiras ou falsas, potencializam as divergências.

Por isso, é necessário preservar e cuidar da saúde mental. “O pilar básico é o exercício diário do respeito ao posicionamento do outro. Evitem a distribuição de ataques e provocações gratuitas. Não repliquem memes e fake news, tentem levar o debate para um caminho saudável e respeitoso de troca de ideias, com base em argumentos e não em ofensas e xingamentos”, recomenda.

Ainda de acordo com o profissional, é necessário lembrar que o tema é temporal e momentâneo. As trocas não devem comprometer o convívio socialapós esse período. “Precisamos pensar nas sequelas e sintomas desse comportamento exagerado diante da cena política. Isso levar ao rompimento de uma relação. Já os sintomas físicos ‘filhos’ dessa raiva e desse ódio cego são inúmeros e podem afetar diretamente a sua saúde (e não só a mental), com dores de cabeça e estômago, insônia, falta de apetite, aumento da pressão arterial, aperto na garganta, crises de choro, fadiga, sensação de saciedade aumentada e maior consumo de álcool e drogas”, explica o especialista. Os relacionamentos humanos e a integração social são fundamentais na vida.Sentimentos como raiva, ódio, aversão e desprezo tendem a negativar essas relações.

Como preservar a saúde mental das crianças diante da polarização política

Crianças sofrem com polarização nas eleições
Crianças sofrem com polarização nas eleições – Arte: Luiza Erthal

Rio – Diante de um segundo turno polarizado e incerto, inflado por discursos de ódio, discussões e rompimento de laços, acabamos nos esquecendo que exercemos influência direta sobre uma peça fundamental para a construção de um futuro democrático e saudável: as crianças.

Quem chama a atenção para isso é Olivia Porcaro, psicanalista e mestre pela Universidade de Londres, que atende crianças há 16 anos. “Tenho percebido que as crianças estão muito angustiadas, porque elas têm menos instrumentos e compreensão para lidar com essa situação toda”, diz Olivia. “Dos adultos, mesmo os mais apaixonados, a gente pressupõe que eles tenham uma certa robustez emocional. Mas as crianças têm presenciado discussões na família sem compreender a questão ideológica por trás”, explica.

Segundo a psicanalista, “surpreendentemente, as crianças estavam mais preservadas desse jogo político. Mas, como a questão se inflamou muito entre os vínculos sociais, tenho notado um aumento substancial de desconforto entre elas”, conclui.

Para Olivia, o exemplo deve vir dos pais, dos adultos. Mas, afinal, como manter a saúde mental durante uma eleição tão polarizada como esta?

“Uma das questões que aumenta esse nível de ameaça, esse estresse, essa ansiedade, é o fato de as pessoas tomarem isso como uma escolha permanente”, afirma. “As pessoas perdem a dimensão temporal, de que essa eleição é uma questão do presente (…) e levam essa escolha como se ela fosse uma espécie de sentença eterna. Acho que essa ideia de permanência, de escolha definitiva, também traz um aumento de ansiedade, porque ela recrudesce o sentimento de ameaça”, explica.

Sintomas também nos adultos

A psicanalista aponta para a polarização como outro fator que intensifica a divisão já existente entre vencedores e vencidos. “Diante da perda da dimensão da conciliação, a gente começa a pensar em vencedores que vão dominar os vencidos”, diz. A possibilidade de fazer parte do grupo perdedor, ela alerta, produz “um aumento de ansiedade, e pode existir um aumento de sintomas somáticos, como dores de cabeça, questões gastro-intestinais e erupções cutâneas”.

Entretanto, nem todos reagem da mesma forma. “Cada pessoa vai reagir a esse sentimento de ameaça do seu jeito: os que já são ansiosos, se estiverem muito imersos nessas discussões, ficarão mais, e por aí vai”.

Guilherme Gutman, médico psiquiatra e professor de psicologia pela PUC-Rio, também acredita que se trata de uma questão individual. “Você vai encontrar pessoas que estão ‘piradas’, cada uma a seu modo, algumas nas redes sociais, outras nas ruas e, ao mesmo tempo, há pessoas em um estado de relativa indiferença. Acho que não dá pra unificar e dizer, com certeza, que a maioria das pessoas está estressada com as eleições”, pondera.

O professor vai além. Para ele, a discussão inflamada não é necessariamente uma coisa ruim. “A indiferença me parece uma coisa pior, mais perto do estado da morte, da desistência, do jogar a toalha, do que alguém que se irrita, que enlouquece, que briga, mas que está dentro de alguma forma. Acho que é melhor estar dentro do que estar fora”, avalia. “Embora a pessoa possa querer estar fora, e ter razões para isso, por causa do cenário que a gente vive”.

Gutman reconhece a dificuldade de fazer uma recomendação geral para os cuidados da saúde mental durante as eleições. “Seria um absurdo se eu recomendasse que as pessoas tomassem determinado remédio, ou que fizessem terapia. A resposta é individual. Inclusive, acho que não necessariamente o caminho é diminuir a angústia dessas pessoas. Na verdade, acho que isso pode injetar certa vida nelas. Mesmo que ela apareça em forma de agressividade ou de indignação, é melhor que a indiferença. Mostra que a pessoa ainda está viva, interessada”, conclui.

Urgência por mudança pode ser nociva

Natasha Iane é graduanda em psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e está desenvolvendo um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre estratégias de saúde mental voltadas para as práticas de militância. Ela chama a atenção para o componente nocivo da urgência por mudança, presente na motivação central de grande parte dos eleitores: “É muito importante compreendermos que essas apostas políticas surgem acompanhadas de um certo desespero, de uma certa urgência em transformar – seja lá no que for. Aqui já localizamos um adoecimento social”. “Se estas eleições estão marcadas pelo esgotamento, como poderíamos viver a pressão de uma aposta na transformação do país com tranquilidade?”, questiona Natasha.

Para ela, é preciso conhecer os próprios limites: “É a partir do entendimento dos limites próprios que você desenvolve estratégias para poder respeitá-los. Se o dia amanheceu muito difícil, está tudo bem não entrar num debate hoje”.

O excesso de informações a que somos expostos cada vez mais também é um problema, de acordo com Talita Tibola, psicóloga e pesquisadora ligada à esquizoanálise. “Estamos o tempo todo em contato com informações, memes e fake news”. “A sensação de que muitas coisas estão acontecendo e não estamos conseguindo acompanhar, nos destaca desse (tempo) presente, nos tira o foco para tentar dar conta de tudo”.

Talita acredita que precisamos tirar o peso das nossas costas e, assim como Natasha, reforça a importância de conhecer os próprios limites: “Pode parecer banal, mas é importante que a gente saiba que não vamos conseguir resolver os problemas do país, não hoje, nem amanhã, nem com o resultado das eleições”. “É importante que cada um se engaje, se informe sobre seus candidatos e em quem vai votar, mas o peso da solução dos problemas da nação não pode recair sobre as pessoas individualmente, é preciso aprendermos a nos livrar dele. É importante que as pessoas criem redes de apoio, de militância e conversa, mas que cada um perceba o seu limite”.

A pesquisadora afirma que, apesar da polarização, é necessário também tentar compreender o outro lado: “É importante estar aberto a tentar compreender porque outras pessoas votam em outro candidato que não o seu”. “A menos que a pessoa seja tão intolerante que não consiga conversar com você, pode ser interessante tentar entender essas diferenças, para não ser, também você, um propagador do ódio, que somente ridiculariza o outro lado”.

Para finalizar, ela retoma a dimensão temporal envolvida na escolha do candidato: “Caminhando na rua, hoje, passei por um senhor na banca de jornal que falou uma frase que me chamou a atenção: ao ouvir o lamento do jornaleiro sobre a dificuldade da escolha de seu candidato para presidente, comentou: ‘Só podemos confiar em um dos candidatos: o tempo’.”

*Estagiário sob supervisão de Ricardo Calazans

A forma como você digita no celular pode revelar sua saúde mental

Celular na rua ; smartphone ; mensagem de texto ;  (Foto: Thinkstock)
APP DA MINDSTRONG HEALTH APRESENTA-SE COMO UM NOVO JEITO DE INVESTIGAR A COGNIÇÃO HUMANA (FOTO: THINKSTOCK)

Não é só o que você digita que pode dizer muito sobre quem você é. A forma como você tecla, incluindo os toques na tela e o rolar de páginas, também pode revelar bastante sobre o seu verdadeiro eu. A startup Mindstrong Health, de Palo Alto, na Califórnia, prova isso. A companhia, fundada por um trio de médicos (entre eles, um ex-diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos), criou um aplicativo para smartphone que coleta sinais de saúde mental e cognição a partir do simples uso do aparelho.

Os dados, que são analisados por meio de machine learning, poderiam, segundo os fundadores, ajudar a tratar doenças como depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, abuso de substâncias e transtorno de estresse pós-traumático.

“Os tratamentos para doenças cerebrais têm empacado, em parte, porque os médicos simplesmente não conseguem saber o que o paciente tem até chegar o momento em que a doença está bem avançada”, diz a MIT Technology Review, que ouviu o médico Paul Dagum, fundador e CEO da Mindstrong. O aplicativo da startup, que faz o monitoramento do uso do smartphone 24 horas por dia, pretende ajudar na antecipação do diagnóstico.

Pense em problemas de memória, um traço comum nas doenças do cérebro. O app pode desconfiar da capacidade do usuário de se lembrar dos fatos com base no ritmo de digitação e nos erros cometidos, assim como na frequência com que caracteres são apagados. A velocidade com que se rola a lista de contatos também pode ser informação importante — para quem você queria ligar mesmo?

Dagum diz, segundo o MIT Technology Review, que há milhares de pessoas usando o app. A startup tem também cinco anos de dados de estudos clínicos relacionados a sua tecnologia e começou, neste ano, a trabalhar com pacientes e médicos em clínicas. O aplicativo tem um gráfico que analisa em tempo real a cognição e o humor do usuário. Há também a possibilidade de entrar em chat com um profissional da saúde.

No momento, a empresa está concentrada em pessoas doentes que estejam sob risco de recaída (sob o risco de manifestarem, novamente, sintomas de doenças como depressão e esquizofrenia). Mas professores da Universidade de Michigan estão conduzindo um estudo para avaliar se o app da Mindstrong pode ser benéfico também a pessoas que não têm doença mental, mas são propensas a desenvolver depressão ou pensamentos suicidas. O aplicativo da startup tem o nome de Health by Mindstrong e está disponível para Android e iOS.

 

Arquiteta Priscilla Bencke: ‘ambientes inadequados ajudam na depressão, outros, aumentam a produtividade’

Arquiteta Priscilla Bencke: 'ambientes inadequados ajudam na depressão, outros, aumentam a produtividade'

Priscilla Bencke: “tipo de atividade das pessoas precisa ser coerente com o ambiente” (Crédito: divulgação)

Arquiteta Priscilla Bencke: ‘ambientes inadequados ajudam na depressão, outros, aumentam a produtividade’

Algumas doenças podem ser desenvolvidas pela falta de cuidado no projeto arquitetônico de uma empresa seja no ambiente executivo seja no operacional.

REDAÇÃO DO DIÁRIO

De acordo com a arquiteta especialista em ambiente de trabalho e criadora do conceito Qualidade Corporativa no Brasil, Priscilla Bencke a decoração dos ambientes, as cores, a iluminação, o mobiliários, a presença ou não de vegetação, etc., podem fazer uma diferença enorme na saúde das pessoas, aumentando ou diminuindo sua atividade e desempenho. O DIÁRIO conversou com a arquiteta, confira:

DIÁRIO – É muito comum compreendermos que luzes diretas, ventilação inadequada, ambientes abafados afetam a saúde seja da pele, ou dos aparelhos respiratórios. Mas quais as principais doenças que podem advir de um projeto arquitetônico mal elaborado ou sem harmonia?

PRISCILLA BENCKE – Podemos dividir tanto em questões de prejuízos da saúde física quanto prejuízos da saúde psicológica; na física incluímos além de respiração, as questões por exemplo de fadiga visual, fruto do mal posicionamento da própria iluminação, isso acarreta uma série de problemas como desmotivação, dor de cabeça, enfim.  Quanto ao mobiliário, uma postura inadequada pode gerar problemas na coluna; e até hérnia de disco assim como outras questões relacionadas à postura.

Estar em um ambiente com muitos ruídos ou em um ambiente que não te ofereça um bem estar pode intensificar questões de ansiedade de estresse no trabalho, coisas que a gente percebe como as principais causas de baixa produtividade.  De acordo com o recente relatório mundial publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), sobre a saúde dos brasileiros em relação a esses transtornos, verifica-se que quase 10% da nossa população sofre de ansiedade, o Brasil é o país da América Latina com a maior taxa de pessoas com depressão, então são números muito graves e essas pessoas estão trabalhando e isso acontece de forma imperceptível. Então o ambiente pode sim contribuir para esse prejuízo também psicológico.

DIÁRIO – Empresas contemporâneas criaram espaços de convivência muito modernos, arejados e iluminados. Eles podem ser prejudiciais? por quê?

PRISCILLA BENCKE – Sim. Foram criados espaços de relaxamento nas empresas, e podemos chamá-los de espaços de descompressão. Quando ele pode se tornar prejudicial? A localização dessas áreas muito próximas à estação de trabalho pode gerar desconforto acústico. Ambientes de descompressão devem estar alinhados à cultura da empresa. Às vezes você pode investir mesmo um valor considerável montando esses espaços só que não vai funcionar se não fizer parte da cultura da empresa. Existem muitas empresas que até hoje as pessoas batem o ponto e querem ali implantar a cultura da descompressão. Acredito que deve existir uma coerência muito assertiva para criar ou utilizar esses espaços dentro das empresas se não houver uma cultura que aponte para isso. Não adianta uma cultura empresarial vertical, uma hierarquia vertical e daqui a pouco essa empresa querer replicar um modelo de áreas colaborativas estilo Google, não vai funcionar.

Outro ponto é analisar quem são as pessoas que trabalham nessa empresa, porque isso também influencia a forma de como esse espaço deve ser montado; temos hoje gerações muito diferentes com expectativas muito diferentes, com necessidades muito diferentes; a gente precisa olhar para o ser humano para as pessoas que trabalham ali para ver o que de fato vai funcionar para aquelas pessoas. E, por fim, eu acho que o tipo de atividade que as pessoas executam em um ambiente de trabalho também precisa ser coerente com o ambiente.

Google office

DIÁRIO – Fale sobre a neuroarquitetura. Ela já é usual no Brasil?

PRISCILLA BENCKE – Ainda é um assunto novo no Brasil mas fora do Brasil a gente já vê muitos estudos, muitas pesquisas sendo feitas existe uma academia que já estuda esse assunto nos Estados Unidos a mais de 15 anos que se chama ANFA (Academy of Neuroscience for Architecture) e hoje centraliza todas essas pesquisas do mundo. A gente está começando um movimento no Brasil, inclusive com grupos de estudos com cursos sobre o assunto para justamente estimular tanto nos projetistas, nos arquitetos designers essa visão mais humana dos ambientes de trabalho.

No âmbito da hotelaria no Brasil percebo grandes avanços. Existe uma prática denominada employee experience de você realmente criar um ambiente agradável que vai inclusive passar confiança, que vai fazer com que esse cliente se sinta mais à vontade e consequentemente vai poder fechar mais negócios nesses lugares, no caso, nos hotéis. Tudo isso tem sido trabalhado de forma muito estratégica muito inteligente mesmo, para que todo mundo saia ganhando, tanto as pessoas que trabalham quanto os clientes que vão ter uma boa experiência dentro desses locais, absorvendo-se uma melhor sensação de bem estar, melhora a lucratividade e os negócios acontecem.

Saiba como funciona a política de Saúde Mental do SUS: Mais de 20 milhões de pessoas necessitam de atendimento em saúde mental no Brasil

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 400 milhões de pessoas necessitam de algum atendimento em saúde mental em todo o mundo. Deste total, 24 milhões são brasileiros.

 

Para diminuir essa triste estatística, que durante anos foi considerada tabu mas que atualmente ocupa cinco posições no ranking das dez principais causas de incapacidades e suicídios, o Ministério da Saúde adotou, por meio da Política Nacional de Saúde Mental, estratégias e diretrizes com o objetivo de organizar a assistência às pessoas com necessidades de tratamentos e cuidados específicos em Saúde Mental em todo o país.

 

Em Cuiabá, essa Política do Sistema Único de Saúde (SUS) – conduzida pela Rede de Serviço de Saúde Mental oferta atenção especializada a pessoas com necessidades relacionadas a transtornos mentais como depressão, ansiedade, esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo, incluindo aquelas com quadro de uso nocivo e dependência de substâncias psicoativas (álcool, cocaína, crack e outras drogas).

 

De acordo com a coordenadora da Rede Assistencial, Rosely Batista, após intenso cuidado de reestruturação e de equipe feito pela atual gestão, a Capital possui uma ampla rede de assistência. Entretanto, segundo ela, é preciso observar a especificidade de cada paciente, para saber onde ele será melhor acolhido.

 

“Se o paciente estiver em surto, ele pode ser encaminhado para as Unidades de Pronto Atendimento 24 horas – UPA Norte, que fica no bairro Morada do Ouro, Sul que está situada no bairro Pascoal Ramos, ou para as Policlínicas do Verdão, Planalto, Coxipó e Pedra 90”, explicou.

 

A coordenadora ainda elucidou que depois de estabilizados os pacientes são encaminhados para receberem atendimentos e acompanhamentos psicológicos em um dos Centros de Atendimento psicossocial (CAPS).

 

As equipes psicossociais e multiprofissionais que compõem estes locais são formadas por psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, médicos nas especialidades de clínica geral e psiquiatria, farmacêuticos, técnicos de enfermagem e outros habilitados para atender os casos de psicoses e neuroses graves.

 

“Os acolhimentos têm caráter multidisciplinar e trabalham buscando a valorização, autonomia e inserção e reinserção dos pacientes, evitando a sua internação. Na subdivisão, o atendimento de adultos com transtornos mentais graves é feito pelo CAPS I, localizado do Bairro CPA IV e o CAPS II, no Jardim Paulista. As crianças, adolescentes e jovens até 18 anos com patologia de distúrbios, incluindo as com dependência de substâncias psicoativas, são atendidos pelo CAPS AD Infanto-Juvenil, no Bairro Jardim Europa”, completou Rosely.

 

Porta aberta

 

Os CAPS oferecem serviços de “portas abertas”, ou seja, atendem à demanda espontânea e é facultada a apresentação de encaminhamentos para realizar o acolhimento.  Com a estabilização do quadro, os pacientes tem alta do CAPS e passam a ter acompanhamento nos ambulatórios de saúde mental, localizados nas policlínicas e nas Unidades Básicas de Saúde, por meio do Programa Saúde da Família (PSFs) de acordo com o endereço de residência do usuário.

 

Os casos mais graves, onde o paciente está em crise, são regulados pela rede para o atendimento de internação no Complexo do Adauto Botelho.

 

Mais cuidado

 

Outro importante instrumento da Rede de Saúde Mental é o Serviço de Residência Terapêutica (SRT). Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde seis unidades atendem aproximadamente 51 pessoas oriundas de internação de longa permanência nos hospitais psiquiátricos ou de custódia (com mais de 02 anos ininterruptos, de acordo com a Portaria Ministerial nº 3.090/2011).

 

Além disso, existem as unidades responsáveis pelo atendimento aos pacientes referenciados pela rede de serviços e egressos de internações hospitalares, ou seja, o Serviço Ambulatorial de Saúde Mental, nas Policlínicas do Coxipó, Planalto e Verdão e no Centro de Especialidades Médicas (CEM), este último direcionado ao atendimento Infanto-Juvenil.

Pesquisas apontam que videogame estimula a saúde mental e física na 3ª idade

A geriatria é uma especialidade médica que vem contribuindo muito para elevar o bem-estar geral e a qualidade de vida durante o envelhecimento. Aliada à tecnologia, também traz avanços para aumentar ainda mais a longevidade sem abrir mão do bem-estar.

Estudos recentes desenvolvidos no Canadá e nos Estados Unidos comprovaram que os videogames são capazes de melhorar a saúde mental e física nos idosos. De acordo com a Dra. Aline Thomaz, geriatra da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, é possível expandir capacidades mentais com a ajuda de jogos interativos, como retardar o processo de perda de memória e evitar a demência. “Os jogos de videogame estão sendo usados em tratamentos de pacientes com Acidente Vascular Encefálico (AVE) e Parkinson e têm alcançado excelentes resultados na reabilitação. Mesmo com habilidades prejudicadas pela doença, os pacientes tiveram seu desempenho e suas demandas cognitivas e motoras melhoradas por meio do treino e com o auxílio da realidade virtual”, explica.

Isso acontece porque os jogos de videogame funcionam como instrumentos de modulação cognitiva por meio de alterações bioquímicas e na estrutura do cérebro. Entre as áreas estimuladas, está a temporal, que está relacionada à memória e à aprendizagem, e que também aumenta o fluxo sanguíneo dos lobos frontal e pré-frontal ligado à tomada de decisões, ao controle motor e à atenção. “Ao exercitar-se por meio dos movimentos típicos de cada esporte simulado, o videogame interativo propicia à pessoa idosa a oportunidade de melhorar o seu condicionamento físico, força e equilíbrio, além de elevar a sua autoestima e o reconhecimento social”, aponta a médica.

Já para os idosos saudáveis, a especialista explica que o videogame pode propiciar excelentes resultados no controle da marcha – considerando velocidade e habilidade para andar – e no declínio cognitivo. “Não há dúvida de que esses jogos podem ser extremamente úteis na busca de um envelhecimento ativo e saudável”, reforça a Dra. Aline Thomaz. Os jogos de videogame que comprovaram os benefícios são: Genius, Pong, memória, moeda, Nintendo Wii, Brain Age, Mindfit e Brain Fitness Program.

Fórmula para envelhecer bem

A especialista afirma que a fórmula para alcançar uma velhice saudável é formada por três pilares: exercícios físicos regulares, alimentação saudável e baixo nível de estresse.

O exercício físico é comprovadamente efetivo na prevenção de doenças, além de melhorar a qualidade de vida e bem-estar. “Mesmo atividades não sedentárias que movimentam o corpo, como jardinagem, caminhadas leves e arrumação da casa ajudam a manter a boa saúde na velhice. A carga ideal de exercícios físicos é de cerca de 150 minutos por semana, divididos em três vezes de 50 minutos ou cinco vezes de 30 minutos intercalados”, explica Aline.

Quanto à alimentação, a geriatra dá algumas dicas. “É importante apostar na hidratação com água, chás e suco naturais, caprichar no consumo de legumes, verduras e grãos integrais, além de preferir carnes magras e produtos orgânicos em vez de processados. É preciso incluir leite e derivados na alimentação diária, pois são ricos em cálcio e fortalecem os ossos, bem como proteínas animal ou vegetal, que contêm ferro e diminuem a probabilidade de anemia”, reforça.

Já para controlar o estresse, as dicas são manter um círculo de amizades, desenvolver atividades sociais e até contribuir para a sociedade. Ainda, o uso do celular ajuda o idoso a manter-se conectado e atualizado, além de estimular a interação social, facilitando a comunicação com familiares, amigos e até com pessoas não conhecidas, mas com afinidades eletivas. Em relação às redes sociais, a geriatra da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo explica que é desejável que o acesso seja feito com moderação, para que não se torne uma dependência e/ou seja algo que estimule o sedentarismo.

idosos videogame

Príncipe Harry e Meghan participam de encontro sobre saúde mental em praia australiana

Por Colin Packham e Paulina Duran

SYDNEY (Reuters) – O príncipe britânico Harry e sua mulher, Meghan, participaram de um abraço coletivo em um evento na praia Bondi, da Austrália, organizado por surfistas para gerar conscientização sobre a saúde mental.

Harry, que disse já ter procurado terapia para lidar com a perda de sua mãe, Diana, serviu no Exército britânico e faz campanhas para proporcionar ajuda mental a soldados.

O príncipe, usando calças cáqui e uma camisa azul, e Meghan, com um vestido listrado, tiraram os sapatos e se sentaram com membros do grupo comunitário OneWave, que trata de questões de saúde mental usando “terapia de água salgada, surfe e fluro”.

Fluro, uma abreviação de fluorescente, se refere às camisas e flores de cores brilhantes que os membros do grupo usam.

Depois de ouvirem integrantes do OneWave durante alguns minutos, Harry, usando um cordão de flores azuis, e Meghan, usando um cordão de flores rosas, participaram do abraço coletivo.

“Harry disse que todos nós teremos problemas de saúde mental em algum momento da vida”, disse Charlotte Connell, que estava na roda, à Australian Associated Press.

O casal real deu as mãos algumas vezes durante a cerimônia, e mais tarde posou com uma prancha de surfe.

Harry atuou no Exército britânico durante 10 anos, incluindo duas campanhas no Afeganistão, e hoje trabalha com várias instituições de caridade, como organizações de apoio a soldados feridos. Ele também criou uma instituição de saúde mental com seu irmão, príncipe William, e cunhada, Kate.

Repórter de ZH é um dos vencedores no Prêmio da Associação Brasileira de Psiquiatria

Hartmann recebe prêmio de jornalismo e saúde mental – Divulgação

O repórter Marcel Hartmann, de Zero Hora, foi um dos vencedores no Prêmio da Associação Brasileira de Psiquiatria com a reportagem ‘Como cuidar do bem-estar emocional das crianças’. O material foi publicado na capa do caderno Vida, de ZH, nas edições de 8 e 9 de junho deste ano. O reconhecimento foi entregue na noite desta quarta-feira, 17, durante a Cerimônia de Abertura do 36º Congresso Brasileiro de Psiquiatria, em Brasília.

Promovido pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a quinta edição do reconhecimento premiou jornalistas nas categorias Online, TV, Rádio e Impresso, pela qual Hartmann foi agraciado. Em sua reportagem, com base em pesquisas científicas, o jornalista abordou diversos valores que ocasionam doenças mentais em crianças de zero a cinco anos.

Na matéria, ele explicou como experiências negativas podem resultar em traumas emocionais que podem ocasionar transtornos como depressão, ansiedade, hiperatividade e autismo ainda na infância. Para Hartmann, o momento é de emoção. “É o meu primeiro prêmio depois de formado. Gosto de trabalhar de forma aprofundada com temas que, de alguma forma, façam as pessoas refletirem sobre o próprio dia a dia”, destaca, concluindo: “Além disso, este mérito é compartilhado com a equipe, pois o repórter nunca trabalha sozinho”.

O prêmio da ABP reconhece trabalhos jornalísticos que envolvam tópicos da psiquiatria e que utilizam de dados relevantes e objetivos sobre transtornos mentais. Desde sua primeira edição, a iniciativa avaliou mais de 600 reportagens de jornalistas de diferentes estados.

Aquecimento global: Basta um grau a mais para afetar saúde mental

O aumento da temperatura do planeta tem impacto na saúde mental e, em cinco anos, um aumento de 1ºC da temperatura média do planeta representa numa tendência ainda maior para ter problemas do foro mental. Estas são as conclusões de uma nova investigação realizada por pesquisadores do MIT Media Lab, em Massachusetts, nos EUA.

Além disso, observou-se que as pessoas mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas são aquelas que têm salários mais baixos, mulheres e pessoas com problemas mentais já diagnosticados.

Os autores do estudo, publicado esta semana na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, dizem que ainda há muitas questões por resolver e que é importante continuar a investigar.

“Por exemplo, o sono insuficiente devido às altas temperaturas é o que faz com que sejam desenvolvidos problemas de saúde mental? Temos muito trabalho a fazer para descobrir exatamente o que está a provocar o quê.” afirma Nick Obradovich, investigador e principal autor do estudo.

A equipa reuniu dados pessoais relativos à saúde mental de cerca de 2 milhões de americanos, retirados de forma aleatória do Centers for Disease Control and Prevention (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) e do Behavioral Risk Factor Surveillance System, assim como dados meteorológicos diários entre 2002 e 2012.

Todas as pessoas responderam à pergunta “Como avalia o seu estado de saúde mental nos últimos tempos?” com alguns depoimentos que revelavam alguma ansiedade, stress, sintomas depressivos e outros problemas emocionais. Os autores referem que essas respostas indicam problemas que não necessitam de intervenção urgente, como o internamento, mas mais significativas do que um simples mau humor diário.

Depois disso, os pesquisadores associaram os relatórios de saúde mental dos entrevistados com os dados meterológicos da cidade onde cada um vivia, durante toda essa década e, de acordo com Nick Obradovich, assim conseguiram obter informações importantes relativamente à forma como as condições ambientais se relacionavam com a forma como as pessoas relatavam o seu estado de saúde mental.

Os dados foram analisados de três maneiras diferentes: em primeiro lugar, a equipa comparou a temperatura e a precipitação durante 30 dias com a saúde mental. “A exposição a temperaturas mais altas e taxas mais altas de precipitação reveleraram um aumento da probabilidade de as pessoas relatarem algum problema de saúde mental”, revela o investigador.

Depois, os investigadores analisaram relatórios feitos a longo prazo sobre o aquecimento gobal e a saúde mental em cidades específicas e descobriram que, em cinco anos, o aumento da temperatura em 1ºC estava ligado a um aumento de dois pontos percentuais na prevalência de problemas de saúde mental.

A última fase da pesquisa teve a ver com a análise dos relatórios de saúde mental dos participantes afetados pelo furacão Katrina, em 2005, comparando os resultados com relatos de pessoas que não tinham sido afetadas pelo furacão. O que se observou foi que, no primeiro grupo, houve um aumento de quatro pontos percentuais na prevalência deste tipo de problemas.

Uma das questões que fica por responder e que é necessário investigar, de acordo com Nick Obradovich, é se as pessoas que vivem em lugares mais quentes têm, geralmente, uma saúde mental mais fragilizada do que as que vivem em locais mais frios.

Certos fatores não foram ainda explicados e, por isso, os investigadores dão como garantido apenas que o aquecimento global piora a saúde mental ao longo do tempo.

Doenças mentais demandam preparo de escolas

Se o ambiente familiar, em geral, é onde se inicia, ainda na fase infantil, as formações emocionais e psíquicas, é na escola que as experiências de socialização ampliam esses horizontes. Na sala de aula – território em que todos estão sujeito às mesmas regras e onde o convívio social se acentua – alguns sofrimentos psíquicos ganham evidência. Diante disso, qual a preparação das escolas em Fortaleza para atender à demandas cada vez mais expressivas?

Transtorno de déficit de atenção, hiperatividade, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo, dentre muitas outras doenças mentais, manifestam-se na realidade escolar. A dona de casa Geziane dos Santos Abreu, mãe de duas crianças – de 11 e 13 anos – diagnosticadas com sofrimento psíquico conhece os dilemas. Para que um dos filhos que tem transtorno de déficit de atenção possa frequentar a escola regular, ela esperou por mais de um ano a designação, por parte do poder público, de um profissional especializado para o acompanhamento do menino. “A gente sofre e é uma luta de muito tempo para garantir as coisas”, ressalta.

O caso exemplifica a condição das instituições, conforme avalia a psicóloga do Núcleo de Atenção à Infância e à Adolescência (Naia) do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto, em Messejana, Marleide de Oliveira. Para ela, apesar dos esforços de alguns profissionais, a situação das instituições ainda está longe do ideal. “A escola não está muito preparada por conta da quantidade de alunos. Mas temos percebido que estão tendo esse olhar mais cuidadoso”, relata ela, que coordena o serviço no Núcleo com 290 pacientes infantis ativos.

O ingresso para tratamento no local somente há três meses passou a ser regulado. Antes, conta ela, a demanda espontânea advinda das escolas, tanto da Capital como do interior, era expressiva na unidade. Hoje, o acesso ao tratamento no Núcleo que tem, dentre outros, ambulatórios para autismo, ansiedade, psicose, transtorno de humor e transtorno de déficit de atenção é feito através das secretarias de saúde.

A recente estruturação desses atendimento também é evidenciada pela supervisora do Núcleo de Educação Inclusiva e Diversidade da Secretaria Municipal de Educação (SME), Vivian Salmito. De acordo com ela, em 2017, foi firmado um termo de cooperação entre as pastas de saúde e a educação para organizar o fluxo de atendimento de estudantes da rede.

Preparo

Questionada se os professores têm formação adequada para detectar sofrimentos psíquicos, Vivian garante que no atual fluxo na rede municipal, os professores, ao observarem comportamentos que expressam alguns sinais de doenças mentais, acionam um dos 166 professores do atendimento profissional especializado. Esses profissionais entram em contato com os Distritos e realizam a ponte com a pasta da saúde para garantir que essa criança será encaminhada ao atendimento básico, e, em seguida, ao especializado conforme a demanda.

“É necessário que a gente encaminhe às equipes de saúde da família para fazer uma avaliação mais acurada, para daí sim ser encaminhada ou não para os Centro de Atendimentos Psicossociais”, diz a coordenadora da Saúde Mental de Fortaleza, Aline Gouveia. Para ela, apesar dos avanços na rede educacional e na percepção dos pais, ainda há muito preconceito e esse tipo de conduta tende a inibir o tratamento precoce e adequado.

Metade dos casos de transtorno mental surge até os 14 anos, alerta OMS

No Dia Mundial da Saúde Mental, lembrado hoje (10), a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que metade dos casos de transtorno mental surge até os 14 anos de vida, mas a maioria não é detectada ou tratada. Dados da entidade mostram que o suicídio é a segunda principal causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos. Já o uso de álcool e drogas ilícitas, segundo a OMS, permanece uma importante questão em diversos países, podendo levar a comportamentos de risco como sexo sem proteção e direção perigosa. Transtornos alimentares, de acordo com a entidade, também são fonte de preocupação.

“Felizmente, há um crescente reconhecimento da importância de ajudar os jovens a construir a resiliência mental, desde as primeiras idades, a fim de lidar com os desafios do mundo de hoje. Crescem as evidências de que promover e proteger a saúde do adolescente traz benefícios não apenas à saúde deles, tanto a curto como a longo prazo, mas também às economias e à sociedade, com jovens adultos saudáveis capazes de fazer contribuições maiores à força de trabalho, famílias, comunidades e sociedade como um todo”, informou a OMS, por meio de comunicado.

Rio de Janeiro - Jovens participam do projeto Agentes de Promoção da Acessibilidade, no qual recebem noções de Libras, audiodescrição e legislação inclusiva  (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Crescem as evidências de que promover e proteger a saúde do adolescente traz benefícios não apenas à saúde – Arquivo/Agência Brasil

Prevenção

Ainda de acordo com a OMS, muito pode ser feito para ajudar a construir resiliência mental desde cedo e contribuir para a prevenção do sofrimento mental entre adolescentes e jovens adultos. A prevenção, segundo a entidade, começa com o conhecimento e a compreensão dos primeiros sinais e sintomas de alerta de transtornos mentais.

“Pais e professores podem ajudar a construir habilidades em crianças e adolescentes para ajudá-los a lidar com os desafios cotidianos em casa e na escola. O apoio psicossocial pode ser fornecido em escolas e outros ambientes comunitários e, é claro, o treinamento de profissionais de saúde para que eles possam detectar e gerenciar transtornos de saúde mental pode ser implementado, aprimorado ou ampliado”, destacou a organização.

“O investimento por parte dos governos e o envolvimento dos setores social, saúde e educação em programas abrangentes, integrados e baseados em evidências para a saúde mental dos jovens é essencial. Esse investimento deve estar vinculado a programas de conscientização de adolescentes e jovens sobre formas de cuidar de sua saúde mental e ajudar colegas, pais e professores a apoiar seus amigos, filhos e alunos”, concluiu a OMS.

 

http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2018-10/metade-dos-casos-de-transtorno-mental-surge-ate-os-14-anos-alerta-oms

 

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Perda de audição pode acarretar doença mental

Muitas pessoas já experimentam algum grau de perda de audição a partir dos 40 anos por causa do envelhecimento natural do corpo. No entanto, nem todas dão à saúde auditiva a mesma atenção que dedicam ao resto do corpo. E o que não se sabe é que a deficiência auditiva não tratada pode acarretar uma série de doenças, inclusive mentais, como a demência, por exemplo. O estudo mais recente, feito na Austrália, mostrou que o risco de demência foi 69% maior em homens idosos com dificuldade auditiva do que naqueles que tinham audição normal. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, Mara Gândara, otorrinolaringologista do Ambulatório de Saúde Auditiva Reouvir do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, explicou a correlação entre perda de audição e demência.

Quando alguém perde a audição, deixa de receber os estímulos auditivos, não só a voz, mas todos os sons do ambiente, como o barulho do vento e dos passos de outras pessoas, explica a médica. Qualquer pessoa, independente da idade, ao perder a audição, perde também essa habilidade e seu cérebro funciona com essa privação, o que pode desenvolver ou agravar algum tipo de demência. Os estudos comprovam que a perda auditiva acelera esse processo. Portanto, deve ser diagnosticada e tratada o quanto antes para  evitar “adiantar” o surgimento de um transtorno cognitivo.

Na opinião da otorrinolaringologista, as pessoas, principalmente os jovens, não valorizam a audição e se expõem a todo tipo de risco auditivo: fone de ouvido, ruídos ambientais, etc. Ela comenta que os idosos têm um certo preconceito em assumir a perda auditiva. Para eles, usar um aparelho auditivo os tornará mais velhos do que realmente são. Segundo Mara Gândara, há uma perda de tempo muito grande para diagnosticar e recorrer à ajuda. Isso porque as pessoas vão no médico por um sintoma que incomoda, e a surdez não incomoda o paciente, mas sim quem está ao redor dele. Até aquilo passar a incomodar a pessoa com perda auditiva, já que se passou um tempo considerável e a recuperação da habilidade auditiva não ocorre como deveria.

A especialista explica que alguns fatores, como doenças que levem a uma menor oxigenação da orelha (pressão alta, diabete, alterações hormonais, etc.) afetam e agravam a perda auditiva. Ela esclarece que é possível recuperar um pouco da habilidade auditiva se não aconteceu uma perda muito grande, mas o nível de audição, das lesões que aconteceram nas células auditivas, é irreversível. Além disso, o aparelho auditivo não impede a evolução da doença, pois é como um óculos para quem tem alguma deficiência visual. É necessário fazer o acompanhamento com o otorrinolaringologista para ver se a perda aumentou. A médica orienta que as pessoas façam audiometria a partir de 50 anos, principalmente dependendo do histórico familiar.

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Distúrbios de saúde mental aumentam em todos os países do mundo, alerta relatório

Uma epidemia que se alastra por todo o planeta, provoca prejuízos exorbitantes e que tão cedo não será remediada. Este é o diagnóstico realizado por uma comissão de 28 cientistas sobre a crise de saúde mental. De acordo com um relatório publicado pela revista “Lancet”, casos de doenças como ansiedade e depressão aumentaram “dramaticamente” nos últimos 25 anos e nenhum país está investindo suficientemente para combater esta tendência. A falta de políticas dedicadas à área pode custar US$ 16 trilhões à economia global entre 2010 e 2030.

Embora alguns investimentos sejam destinados a assistência médica, remédios e outras terapias, a maior parte da verba terá uma finalidade indireta, como gastos em produtividade no trabalho, projetos de bem-estar social, educação e legislação. O custo destacado pelos cientistas foi estimado a partir de dados do Banco Mundial sobre as perdas econômicas provocadas por pessoas em idade ativa com problemas de saúde mental. Se os problemas fossem adequadamente abordados, seria possível evitar 13,5 milhões de mortes por ano.

Professor da Escola de Medicina da Universidade Harvard e coautor do levantamento, Vikram Patel avalia que o fracasso coletivo em responder à crise global de saúde resulta em uma “perda monumental das capacidades humanas”, com prejuízos duradouros às comunidades e às economias.

A comissão acrescenta que “a qualidade dos serviços de saúde mental é rotineiramente pior do que aqueles destinados à saúde física”, e muitos pacientes são submetidos a graves violações dos direitos humanos, como algemamento, tortura e prisão. Em uma cúpula realizada ontem em Londres, os especialistas apelaram para uma abordagem baseada nos direitos humanos para garantir o respeito a direitos fundamentais, como acesso ao emprego e à educação. Também são registrados abusos em muitos países, “com um grande número de pessoas trancadas em instituições psiquiátricas ou prisões, ou vivendo nas ruas, muitas vezes sem proteção legal”.

MILHÕES DE PACIENTES

De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde, cerca de 300 milhões de pessoas em todo o planeta sofrem depressão e 50 milhões têm demência. A esquizofrenia acomete 23 milhões, e o distúrbio bipolar atinge 60 milhões.

Alexandrina Meleiro, doutora do Departamento de Psiquiatria da USP, ressalta que, das dez doenças que mais incapacitam o ser humano, cinco estão ligadas à saúde mental. Ainda assim, prevalecem o “estigma e o preconceito”.

— Existe uma grande disparidade entre os problemas físicos, em que se investe em tratamento, e as doenças mentais, que seguem desvalorizadas — compara Alexandrina, que é membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). — Precisamos de uma nova abordagem para questões como crise de pânico, fobias, transtornos obsessivos-compulsivos. Muitas pessoas têm esses diagnósticos e procuram um neurologista, porque acreditam que visitar um psiquiatra é um demérito. Tomam remédios para uma série de enfermidades, mas não aceitam um antidepressivo.

A resistência em abordar as doenças mentais é histórica. Seus pacientes já foram encarados como vítimas de possessões demoníacas que deveriam viver em locais isolados pela vida inteira. Hoje, embora não sejam tratadas da mesma forma, o estigma permaneceu, diante das mudanças no estilo de vida.

— Muitos fatores explicam a atual difusão das doenças mentais: o perfil da sociedade, que se tornou mais exigente e perfeccionista e nos transformou em trituradores de comunicação — assinala. — Também gastamos horas em redes sociais, e estudos mostram como isso pode aumentar os casos de depressão. Além disso, os jovens estão encontrando drogas com maior facilidade.

Professora do Departamento de Neurociências e Saúde Mental da Universidade Federal da Bahia, Miriam Gorender sublinha que cada euro investido em doenças mentais resulta em uma economia global de quatro euros.

— É um ótimo investimento dos governos contra um preconceito pré-histórico — pondera Miriam, que também é membro da ABP. — No entanto, ao longo dos anos, assistimos ao fechamento de serviços psiquiátricos, e não à sua qualificação. Os pacientes estão por aí sem tratamentos eficazes. Como resultado, vivemos em um manicômio a céu aberto. O preconceito se disseminou.

Miriam lembra que uma em cada quatro pessoas terá algum tipo de doença mental em algum momento da vida. Nas mulheres, há o dobro de chances, já que elas acumulam uma jornada dupla — emprego e trabalho doméstico — e também são afetadas pelo ciclo hormonal.

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Não chame de ansiedade: 8 exemplos de como banalizamos as doenças mentais

Os transtornos mentais serão a principal causa de incapacitação no mundo em 2030, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A depressão, segundo a agência, será a primeira causa de morbidade.

Especialistas chamam a atenção para sobre como banalizamos estes transtornos no dia a dia: “Hoje estou um pouco deprimido”, “o problema é que é bipolar”… Nossa linguagem se alimenta de termos clínicos para definir situações cotidianas “e com uma forte conotação negativa”, destaca Julio Bobes, presidente da Sociedade Espanhola de Psiquiatria. “A única coisa positiva que está associada às pessoas com doença mental é que são muito pacientes: lidam com seu transtorno e também com o estigma social”.

“Na Espanha, mais de um milhão de pessoas possui um transtorno mental grave, e estima-se que um em cada quatro, ou seja, 25% da população tem ou terá algum tipo de problema de saúde mental ao longo da vida”, disse José Luis Méndez Flores, assistente social e responsável do Serviço de Informação e Formação da Confederação Espanhola de Saúde Mental, e acrescenta: “No entanto, esses problemas continuam sendo, significativa e socialmente, pouco conhecidos. Muitas pessoas pensam que um problema de saúde mental é uma “fraqueza” ou “culpa” da pessoa, e o problema de saúde não é reconhecido como tal”.

Comecemos por não usar de maneira banal os nomes dos transtornos, cujo “uso polissêmico”, nas palavras de Bobes, “não transmite com precisão o que queremos dizer e cria um estigma para pessoas que estão limitadas por eles”.

1. Dizer que alguém tem “TOC” por ser muito metódico. Pessoas que sofrem de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) não são simplesmente muito organizadas: “Sua preocupação excessiva com o perfeccionismo ou o controle mental e interpessoal impedem a manifestação de outras características, como a flexibilidade e abertura a novas experiências, e obscurecem ou impossibilitam a eficácia”. Sentem-se frustradas por não conseguir terminar as tarefa, segundo descrevem no Manual de Transtornos da Personalidade os especialistas Amparo Belloch, professora de Psicopatologia da Universidade de Valência, e Héctor Fernández-Álvarez, professor de Psicologia Clínica na Universidade de Belgrano, em Buenos Aires. “Concentram-se totalmente em seu trabalho e desempenho, fazendo com que, em muitas ocasiões, deixem de lado suas atividades de lazer e amizades.” Este transtorno afeta 1% da população, segundo o manual oficial de diagnóstico de doenças mentais DSM-IV.

2. Chamar de “esquizofrênico” algo louco, estranho ou descontrolado. O dicionário Michaelis define o termo “louco” como algo fora da normalidade, que age de forma irracional ou desprovido de juízo; mas a esquizofrenia é, segundo a OMS, “um transtorno mental grave que afeta cerca de 21 milhões de pessoas em todo o mundo. As psicoses, incluindo a esquizofrenia, são caracterizadas por alterações do pensamento, emoções, linguagem, a percepção do eu e da conduta […], que podem dificultar que a pessoa trabalhe ou estude normalmente”. E adverte que “o estigma e a discriminação podem ser traduzidos em uma falta de acesso aos serviços de saúde e sociais. Além disso, há um alto risco de que os direitos humanos das pessoas afetadas não sejam respeitados, por exemplo, com sua internação prolongada em centros psiquiátricos”.

3. Dizer “depressão” quando queremos definir tristeza. Bobes destaca que, frequentemente, usamos este termo para nos referirmos a aborrecimentos cotidianos. “Acreditamos que há coisas tão importantes para as pessoas que podem gerar automaticamente uma doença como a depressão, e não é assim. O problema de usar o termo banalmente é que acabamos sendo críticos contra os que possuem um transtorno depressivo, porque acreditamos que seja uma desculpa para tirar uma licença”. De acordo com o relatório da OMS Depression and Other Common Mental Disorders. Global Health Estimates (Depressão e Outros Transtornos Mentais Comuns. Estimativas Globais de Saúde), em 2015, 2.408.700 pessoas tiveram depressão na Espanha, onde 5,2% da população é afetada, sendo o quarto país europeu com maior número de casos.

4. Dizer “bipolar” para se referir a alguém que muda com facilidade de ideia ou estado de ânimo. “O transtorno bipolar é, na verdade, uma doença mental grave do estado de ânimo, anteriormente conhecida como psicose maníaco-depressiva”, segundo definição do site “1 de cada 4” para o combate do estigma das doenças mentais da Administração de Andaluzia. “Tem períodos cíclicos de excitabilidade ou mania, que podem durar de dias a meses, e fases de depressão.” As pessoas que sofrem do transtorno correm um alto risco de suicídio.

5. Dizer “ansiedade” para falar de nervosismo ou mesmo de impaciência. A ansiedade, segundo a OMS, afeta 1,9 milhão de pessoas na Espanha (4,1% da população) que experimentam “um sentimento de apreensão ou medo, uma preocupação incontrolável e excessiva sobre um grande número de eventos ou atividades (como o desempenho no trabalho ou nos estudos), que geralmente dura mais de seis meses”, segundo o site “1 de cada 4”. Quando a origem desse sentimento é desconhecida, gera ainda mais angústia. O sentimento é acompanhado de três ou mais dos seguintes sintomas físicos: “Irritabilidade, inquietação ou impaciência, dificuldade de concentração ou ter a mente vazia, fadiga fácil, tensão muscular, dificuldade em conciliar o sono ou sensação de cansaço ao acordar”.

6. Dizer que alguém que vive em seu mundo é “autista”. As crianças autistasenfrentam muitos problemas de adaptação e desenvolvimento, “alteração dos comportamentos não verbais”, tais como manter contato visual com seu interlocutor, “incapacidade de desenvolver relacionamentos com colegas”, “atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem oral”, “padrões de comportamento, interesses e atividades restritos ou repetitivos”… Não é apenas o que vivem em seu dia a dia; também enfrentam a “inexistência de um método geral de tratamento” ideal e escassa evidência científica nas “intervenções terapêuticas atuais”.

7. Chamar de “antissocial” alguém excêntrico, que não compartilha os mesmos interesses de outras pessoas; uma pessoa com um transtorno de personalidade antissocial possui, na verdade, “comportamento delituosos”, demonstra “desconsideração e despreocupação, e vulneração dos direitos dos outros”. As características que acompanham sua doença provocam, em geral, “seu fracasso nos papéis que exigem sua responsabilidade — como pai, por exemplo — ou sua honestidade, por exemplo, como um empregado”, explicam Belloch e Fernandez-Álvarez. A incidência é de cerca de 3% para os homens e de 1% para as mulheres.

8. Muitas destas doenças levam ao suicídio e, no entanto, dizemos alegremente que “dá vontade de se jogar pela janela”, “de cortar os pulsos” ou, diretamente, “vou me matar”, quando estamos cansados de algo. O suicídiocausa a morte de 10 pessoas por dia na Espanha, sendo que os homens respondem por 75% do total, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE). “É imprescindível acabar com os mitos e ideias errôneas sobre este problema para eliminar o estigma e culpa da conduta suicida [como, por exemplo, que uma tentativa de suicídio é para chamar a atenção], facilitando, assim, que pessoas com ideações suicidas peçam ajuda”, explica Nel A. González Zapico, presidente da Confederação Espanhola de Saúde Mental.

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Instagram é a rede social que mais afeta a saúde mental, diz pesquisa

As redes sociais, de fato, revolucionaram as relações interpessoais. Agora até que ponto elas podem prejudicar ou ajudar uma pessoa em depressão? Uma pesquisa da entidade inglesa Sociedade Real para Saúde Pública (RSPH) pôs em xeque a questão. No levantamento, a instituição mostra o Instagramcomo a rede mais nociva à saúde mental.

A pesquisa é recente, de 2017. Foi feita com a participação de jovens entre 14 e 24 anos, avaliando as sensações que cinco redes sociais causavam. No caso, FacebookInstagram, SnapchatTwitter Youtube. Disparadamente, o Instagram foi o que mais trouxe sentimentos negativos, tais como solidão, ansiedade e distorção/inconformismo com a própria imagem. O Snapchataparece em segundo lugar, com os mesmos pontos.

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psiquiatra Amaury Cantilino conta que muitas vezes o conteúdo presente nos perfis virtuais são fruto de insatisfações na vida real. “A gente seleciona as melhores fotos, os melhores momentos, os melhores sorrisos, as melhores roupas. Mas o que está ali não representa necessariamente o que acontece no todo da vida”, atenta.

“É curioso como as pessoas se comparam na hora que vão avaliar o seu bem-estar pessoal. É da natureza humana. Mas quando um sujeito tem uma autoestima mais baixa e usa a comparação como único medidor da satisfação com a vida, pode ser danoso”, acrescenta.

Agora, de fato e de direito, não seria prudente dar um caráter totalmente negativo para a internet. Tudo é questão do uso que é dado. “Embora, eventualmente sejam usadas como praça de guerra, as redes têm um potencial de agregar a sociedade. Ali eu também posso encontrar pessoas semelhantes. Perceber que não estou sozinho no mundo”, pondera.

Muitas vezes o conteúdo presente nos perfis virtuais são fruto de insatisfações na vida real, alerta especialistaMuitas vezes o conteúdo presente nos perfis virtuais são fruto de insatisfações na vida real, alerta especialista – Crédito: Pixabay


Para o psicólogo Igor Lins Lemos, a tecnologia é neutra. “O bom ou mau uso, quem faz é o sujeito”, aponta o também especialista em tecnologias. Ele explica que, na verdade, o que houve foi uma “mudança” de local problemático – o que se tinha no famoso ‘cara a cara’ está transplantado nas redes. “Não seria sensato generalizar que o Instagram vai adoecer ou piorar os sintomas depressivos de alguém”.

“É uma via de mão dupla. Sujeitos vulneráveis, que possam ter algum tipo de adoecimento mental, podem se prejudicar com o uso de tecnologia? Podem. Assim como outras pessoas podem utilizar para ser algo benéfico em sua vida. É distinto o comportamento de cada grupo”, complementa.

Como exemplo prático dessa dualidade, Igor rememora o fenômeno do Pokémon Go. “Na época, a pergunta era: o jogo é útil ou não ao usuário? Ele é interessante ou não para quem tem uma timidez ou uma fobia social, uma dificuldade de relacionamento? Um grupo se beneficiou e começou a sair mais de casa, explorar territórios, devido ao lançamento; e outros ficaram ainda mais dependentes do uso da tecnologia”, conclui.

Enquanto se debate o papel das redes, vão surgindo perfis e aplicativos de amparo emocional. Um deles – ironicamente no Instagram – é o ‘Doe Afeto’. Criado por Lu (nome fictício a pedido da entrevistada), o perfil conta com mensagens de autoajuda e apoio, para fortalecer a autoestima.

“Quando você posta alguma coisa, espera que alguém chegue lá e curta, não é? Acho que quem diz que não sente é hipócrita. E isso faz mal. Eu via as pessoas sofrendo e fingindo uma vida perfeita na internet, forçando sorriso, acordando sem maquiagem e sentindo a obrigação de dizer ‘olha, estou sem maquiagem’ como se fosse algo anormal”, explica.

Foi dessa inquietação nasceu a página. “Dia desses eu estava escrevendo algo sobre pânico. Teve uma menina que estava tendo uma crise porque teve um problema num restaurante e falou no inbox o quanto que tinha sido importante ler aquela mensagem que eu tinha escrito, que estava diminuindo a crise dela”, afirma.

Há ainda aplicativos, como o Cingulo. Criado por especialistas em neurociências, o app leva o usuário a se autoavaliar, com o auxílio de textos e técnicas que ajudam a controlar ansiedade, estresse e insegurança, por exemplo.

Classificação Internacional de Doenças inclui 40 mil novos códigos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já aprovou a nova Classificação Internacional de Doenças (CID 11), que inclui novidades no campo da homossexualidade, transtornos alimentares e vício em games. É uma ferramenta que permite que se façam estatísticas de saúde, se definam prioridades na área e se planejem ações de saúde. Sua última versão, a CID 10, é usada em mais de 117 países e traduzida em 43 idiomas. Para comentar sobre o material, o Jornal da USP no Ar conversou com a professora Cassia Maria Buchalla, do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP.

Considerado um importante instrumento de controle epidemiológico, a CID é responsável por orientar o cotidiano do médico e da rede pública de saúde. Segundo a especialista, o material é a base para as estatísticas de saúde ao traduzir diagnósticos de causas de morte e doenças para códigos, capazes de contribuir para estudos estatísticos, tendências de patologias e comparações internacionais. Na nova versão da classificação, o número de códigos saltou de 14,4 mil para 55 mil, divididos em categorias que exploram as propriedades de descrição, manifestação, severidade e epidemiologia das doenças – uma novidade.

Fotomontagem / Fotos: Marcos Santos / USP Imagens

O material não inova apenas em números, ele está disponível no meio eletrônico e possui uma ferramenta de codificação que permite acesso ao manual e plataforma de elaboração da classificação. Essas iniciativas contribuem para um instrumento mais moderno, ágil e transparente, afirma Cassia. Quanto ao seu conteúdo, a CID 11 apresenta mudanças e adaptações, com novos capítulos sobre doença do sono, saúde sexual e medicina tradicional, além da realocação de disforia de gênero para o capítulo de condições relacionadas à saúde sexual, condição antes inclusa em transtornos mentais, por exemplo.

Para ser implantada, a professora revela ser necessária a aprovação da CID 11 pelos países membros da Assembleia Mundial da Saúde, que se comprometem a usar o material no meio de serviços. A professora ressalta a importância da classificação e diz que sua implementação é um processo lento e gradual, pois demanda modificações dos sistemas de mortalidade e morbidade.

jorusp

Eleições 2018: a intolerância beira a doença mental

Vivemos períodos marcados por extrema intolerância. Procuramos entender por que as pessoas agem assim. Neste momento estou aqui querendo compreender a mente destes sujeitos. Peço um pouco de tolerância como minhas ideias. Para começar, quero revelar que todos carregam algum grau de intolerância, de preconceito e intransigência.

Olhem para um bebê. Quando frustrado pela ausência do seio da mãe cai num berreiro. Cresce um pouco mais, se joga no chão, grita, bate, se não é atendido nos seus desejos. É um pequeno intolerante, um ditadorzinho, mas claro, adequado para seu tempo.

Como tentar explicar a intolerância. Algo genético, abusos na infância, maus tratos do dia a dia, reflexo da corrupção, transtornos de personalidade ou doenças mentais? Pode ser um pouco de cada. O intolerante busca se preencher mais através de situações externas, de projetos dos outros, do que dele mesmo. Tem pouca capacidade de gostar de quem é, e de sua própria vida. Carrega dentro de si vazios emocionais, fragilidades e inseguranças, desta forma não tolera os que pensam diferentemente dele. A contrariedade funciona como uma lupa que revela todo desamparo interior. Para que o outro não perceba toda sua vulnerabilidade e debilidade, o ataque é sua proteção.

Se acha mais do que os outros, mais inteligente e competente. Como tudo é “fake” no seu emocional, para suportar este sentimento de vazio usa de artimanhas inconscientes. Uma delas é o desejo de controle. É sua grande arma. Precisa fazer com que concordem com seus fundamentos. Não deixa de ser um fundamentalista. É movido por crenças. Suas ideias são inamovíveis. Se parece com os paranoicos, que se acham tão importantes e grandiosos, ao ponto de imaginarem que o mundo conspira contra eles.

Desta forma, para livrar-se dos perseguidores que constrói no seu imaginário, parte para a agressão. A matiz é a mesma, na intolerância política, clubística, religiosa ou sexual. A razão e a lógica não lhe tocam. Bem, se você se sente atingido por essas pessoas, ao ponto de querer demovê-las de suas crenças, fique atento que você também é um intolerante, disfarçado de paladino da verdade. A doença mental pode ter várias roupagens, a intolerância pode ser uma delas.

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Maykon Lammerhirt / Agencia RBS